Curiosamente, na mesma semana, quando consegui parar em casa e ter enfim duas horas de descanso, pude acompanhar, pela Record, outro "ícone" dos 80, porém de bem menos qualidade que o filme de Ron Howard: alguém aí se lembra de O Garoto do Futuro, com Michael J. Fox, onde um adolescente se transformava em lobisomem e virava a atração da escola? Pois é, caros blogueiros de plantão, esta "pérola" de menor importância marcou meus primeiros anos em frente ao SBT! Tudo bem que o filme é bem fraquinho, naquela linha de "seja você mesmo numa 'high school' norte-americana" - e o esdrúxulo título era uma forçada tradução de 'teenwolf' só para aproveitar o sucesso de De Volta para O Futuro, com o mesmo astro de então (hoje o filme é distribuído como "O Lobisomem Adolescente" -, mas é inegável como aquela mágica década possuía a capacidade de qualificar produtos de qualidade duvidosa e transformá-los em ícones globais para todo o sempre...
Mas, saindo dos anos 80, esta "Sessão de Cinema" de hoje volta para os anos 40 - mas sem Deloreans! - e celebra um dos melhores filmes de todos os tempos e um dos favoritos de Jandira (não por acaso, ela o tem em VHS): Casablanca. O texto que segue foi extraído do programa de rádio que apresentava em 1998 ao lado de Sérgio Ronnie, amigo e companheiro de adoração ao Cinema...
Marrocos, Segunda Guerra Mundial. Refugiados de toda a Europa procuram desesperadamente por passagens para a América, longe do alcance nazista. É nesse ambiente que se desenvolve Casablanca, dirigido por Michael Curtis, que, além de ser um dos mais completos filmes da história, apresentava um dos mais completos elencos: Humphrey Bogart, como um cínico dono de um bar em Casablanca, no Marrocos, Ingrid Bergman, sua antiga paixão, Claude Rains, Peter Lorre, dentre outros.
Com uma combinação perfeita entre romance, intriga e suspense, esse filme mostra o reencontro dos personagens Ilse e Rick, em seu bar, o Rick's - Café American, refúgio para aqueles que queriam um visto. Só que Ilse não volta só, e sim casada com um grande nome da Resistência, Victor Laszlo, e pede ajuda a Rick para que ela e seu marido possam fugir dos alemães. Assim, dividido entre a magia do passado e a realidade do presente, Rick se vê diante de seu grande amor...
Casablanca ganhou os Oscar de melhores filme, direção e roteiro adaptado, e se tornou um dos filmes mais amados e cultuados da história do Cinema. Trata-se de um filme único, verdadeira aula de roteiro, entre romantismo e realismo - tudo que poderia parecer um lugar comum, assume aqui uma dimensão mágica: trilha sonora de Max Steiner, a beleza de Ingrid Bergman e a dureza e o cinismo de Rick, na magistral interpretação de Humphrey Bogart, que esconde por trás da fachada de amargura um grande amor do passado vivido com Ilse em Paris, antes de ser ocupada pelos alemães.
São, com certeza, 102 minutos de uma história que reúne momentos inesquecíveis. Aliás, não há cena de adeus que se compare à seqüência final de Casablanca, com a mais bela despedida do Cinema, no meio da neblina de um aeroporto. Assim como também é difícil se encontrar canção romântica tão marcante como As Time Goes By, de Hermann Hupfeld...
(ROSA, Dilberto Lima, Estação Cinema, 2005)
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