sexta-feira, 17 de março de 2006

E o imortal se foi: Josué Montello, maranhense que impregnou estas belas terras em seus livros (que, por serem tantos, arrancaram sempre críticas de "produção em série") e que, apesar de suas posições políticas e de certas repetências conservadoras, deixou vazia a cadeira 29 da ABL, que dificilmente será ocupada por alguém tão dedicado ao universo literário como Josué (afinal, ele era jornalista, professor, romancista, cronista, ensaísta, historiador, orador, teatrólogo e memorialista - boas as suas análises machadianas!) e eu, sempre que adentrar sua fundação aqui em São Luís (Casa de Cultura Josué Montello, um bom lugar para se ler), lembrarei "Cais da Sagração", dos meus tempos de colégio...




E hoje celebra-se um triste "aniversário": completaria 61 anos a "Pimentinha" Elis Regina, neste 17 de março... Ainda que nunca tenha sido um de seus mais ardorosos fãs (além de descaracterizar muitas canções imortais com suas interpretações nem sempre acertadas, o exagero de sua voz ultrapassava certos agudos inoportunos), não há como negar a sua enorme importância no cenário nacional: com sua voz perfeita e seu faro para garimpar sucessos entre compositores que depois se tornariam grandes vultos (como Ivan Lins), Elis realmente faz falta, seja por causa de sua personalidade forte (daí o apelido) num mercado fonográfico vendido como o atual, seja pela falta das grandes intérpretes sobreviventes daquela época (como Betânia e Gal)... É, tem gente que vai mesmo cedo demais (tenros 37 anos, numa morte que, apesar de nunca totalmente esclarecida, se deveu ao elevado uso de drogas, explicação plausível para o costumeiro excesso de seus comportamentos ou interpretações) - apesar de ter ela deixado uma fotocópia, a sua filha Maria Rita (afinal, ela só tinha cinco anos à época da morte da mãe), que, apesar de imitar todos os trejeitos da mãe, não gosta das comparações feitas...

Não gosto daquelas gargalhadas fora de hora, às vezes até em canções tristes, nem tampouco das "interpretações corporais" da cantora, com caras, bocas e caretas desnecessárias, subindo e descendo nas suas eloqüências vocais... Ainda assim, adoro a perfeição de sua voz (considerada perfeita em termos próprios da Física) e a geralmente acertada escolha de seu repertório, que incluía clássicos dos grandes nomes da MPB de então, como a dupla João Bosco/ Aldir Blanc, Tom Jobim (cuja parceria rendeu um dos melhores discos de todos os tempos: Elis e Tom, que eu, por acaso, tenho em CD), dentre tantos outros; admiro também como conseguiu a "Pimentinha" imortalizar algumas de nossas mais belas canções, como alguns verdadeiros "hinos" de nossa história cultural, como "Como Nossos Pais", de Belchior, "Arrastão" (Vinícius e Edu Lobo), "Alô, Alô, Marciano" (da "rainha" Rita Lee), "Madalena" (de Ivan Lins) e "Maria, Maria" (de Milton Nascimento), cinco interpretações definitivas de uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos - ao lado de outras divas, como a "Divina" Elizeth Cardoso, Maria Betânia, Maísa, Gal Costa, a "Sapoti" Ângela Maria...

Amo Elis perfeita em cada sua imperfeição... As mais de duzentas Elises... Todas as interpretações de si e do mundo... Amo os seus silêncios e os seus sorrisos...



Para Lígia Calina e Gabriel Melônio, fãs incondicionais de Elis...
 

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