sexta-feira, 4 de maio de 2007

O Homem-Aranha É Negro...

"Cool..."


É isso, mesmo: Peter Parker tem 'swing', dança à Travolta (ao som do saudoso James Brown, substituindo à altura a 'gag' com "Raindrops keep falling on my head" do segundo filme), fica 'cool', ganha todas as gatas nova-iorquinas e ainda arranja tempo para encarar os maiores duelos desde o filme de 2002 - "seria a roupa nova"?

Bem conhecido no universo Marvel, o famoso uniforme negro, que mais tarde daria origem a um dos mais amados/odiados vilões de todos os tempos, Venom, já teve diferentes origens nas inúmeras adaptações do aracnídeo, restando a um meteorito caído numa floresta próxima ao namoro de Peter e MJ dar a partida sobre o simbionte alienígena na boa trama de Homem-Aranha 3, uma das mais fiéis adaptações dos Quadrinhos já produzida, graças ao mérito de Sam Raimi (agora diretor/co-roteirista), que faz aqui o Homem-Aranha mais solto da trilogia - para o bem e para o mal...

Bem melhor que o 2 (espécie de reciclagem do primeiro), HA 3 brinda os fãs (categoria em que me incluo, tendo eu repetido o mesmo feito heróico desde Superman, O Retorno: assistir à estréia de um 'blockbuster' e sobreviver...) com cenas espetaculares de ação e excelentes efeitos especiais, insuperáveis em termos de homenagem às revistinhas (quadrinhos em 'fast foward'!), porém um tanto quanto mirabolantes e/ou cansativas em termos cinematográficos, com as famosas "câmeras invasoras" de Raimi (criador da 'steadcam'), com ângulos praticamente em cima da ação e dos personagens em inúmeros momentos! E, ao mesmo tempo, algumas pontas soltas poderão desagradar...

Nada daquele receio com o 'trailler', de que a ação seria tão ininterrupta que prejudicaria a estória, nada mesmo: em exatas 2 h e 20 m, o filme conta bem o desenrolar da maioria dos personagens, apesar de um certo excesso no número de gente na tela (a belíssima Bryce Dallas Howard e o ótimo James Cromwell, vivendo os famosos personagens Gwen e Cap. Stacy, quase não têm função na trama, por exemplo) e de 'subplots' (estorinhas paralelas), problema acrescido de certas "conveniências" no roteiro (especialmente quando caminhando para o final), acabam por mascarar o belo e complexo desenrolar do "Lado Negro" de Peter Parker, ao lado de vilões fantásticos, como o próprio Venom (a cena do sino é idêntica aos Quadrinhos!), o inesquecível Homem-Areia (interpretado por um careteiro Thomas Hayden Church) e o vilão/herói "Duende Jr." - brincadeira do afiado humor do herói sobre a ausência de um "nome" para o correspondente ao Duende Macabro das estorinhas...

Um pouco mais, um pouco menos, está tudo lá: diversão garantida com boa dose de qualidade! Esquecendo-se de algum detalhe das HQs, é só fazer-se acompanhar de um bom "co-piloto", mais viciado, como meu "Amigo Sith" Dennis (que me ajudou a lembrar a "fraqueza" do Homem-Areia), e voar como criança pelas teias em Nova Iorque... Mas, pelo amor de Deus: sem bandeira norte-americana ao fundo!!!

... E Woody Allen É Branco!

"Minha mulher se separou de mim me acusando de ser infantil e imaturo; até possuía um bom contra-argumento, mas ela não me deu a palavra, nem olhou minha mão levantada..."


Woody Allen sempre admirou Fellini, tanto que o circo é uma constante em seus filmes. Mas se o gênio italiano preferia o universo 'clown', o genial judeu nova-iorquino tende para o fascínio pelos números de mágica, como demonstrou no idílico final do ótimo Neblina e Sombras ou na fantasia do episódio Édipo Arrasado de Contos de Nova Iorque. Só que nada até então se comparava a esta homenagem com seu personagem no ótimo Scoop - O Grande Furo, seu último filme (no Brasil), ainda em cartaz em muitas salas.

Tudo começa com a morte de um grande jornalista, que, no além (isso mesmo, na barca conduzida pela Morte, diretamente da Mitologia grega), descobre um grande furo de reportagem: o filho de um renomado 'lord', Peter Lyman (Hugh Jackman, o Wolverine de X-Men) seria o responsável por uma série de assassinatos de mulheres em Londres, à Jack, O Estripador. Inconformado por ter morrido e não mais poder desvendar um sensacional caso no mundo dos vivos, o repórter "baixa" no meio de um número do mágico Splendini (Allen), graças à "sintonia de freqüência" com a estudante de jornalismo Sandra Pronski (a bela Scarlett Johansson, queridinha atual do diretor), que se encontra como voluntária dentro da "câmara molecular", um número do artista, que, por sua vez, vê-se obrigado a ajudar a moça em sua empreitada pela descoberta da verdade.

A partir daí segue uma descontraída comédia, reflexo sentido nas altas gargalhadas do público na sessão em que eu estava, normalmente frio às piadas e 'gags' de Allen em muitos de seus trabalhos anteriores. Scoop é uma leve e inteligente homenagem/sátira às histórias de detetives, misturada com comédia romântica, passada na bela Inglaterra (substituindo NY desde Match Point), mais um ponto na interessante reciclagem que o diretor/roteirista faz em sua obra tão vasta. Mas é mesmo como ator-comediante que Allen se destaca neste filme: como o engraçadíssimo Sid Waterman (nome real do tal Splendini), ele não só é responsável por praticamente todas as piadas do filme, como também lega ao Cinema um dos mais memoráveis personagens: um mágico decadente, porém humano, capaz de brindar suas platéias à exaustão com dizeres como "Você é o orgulho de sua raça; eu amo vocês e sinto o mesmo vindo de vocês, sinto mesmo, do fundo do coração"...

Woody Allen é branco (acusação feita por Spike Lee, certa feita, sobre o fato de o Cinema daquele cineasta raramente apresentar personagens negros) - mas o seu humor negro continua afinadíssimo!
 

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