domingo, 5 de agosto de 2007



Infelizmente, encerraram suas trajetórias dois dos maiores gênios da Cultura mundial, ultrapassando mesmo o universo da Sétima Arte – e no mesmo dia, como que num acerto de cavalheiros existencialistas ("com toda a razão"...) com a tão aguerrida Senhora Morte: o sueco Ingmar Bergman e o italiano Michelangelo Antonioni, que tanto amaram as mulheres e, ao mesmo tempo, tanto discutiram a impossibilidade do amor, que sofreram e nos fizeram sofrer ao refletir sobre a falível condição humana, acabaram longe das câmeras (diferentemente de outro gênio, Kubrick, que morreu editando seu último trabalho, o instigante De olhos bem fechados) – Bergman, devotado de volta ao teatro, que tanto amava, desde sua última obra-prima cinematográfica, o oprimidamente assustador Fanni e Alexander (1982), e Antonioni, vítima de um derrame que o oprimiu a uma difícil paralisia que o limitou em sua arte desde 1983 (o que não o impediu de trazer ao mundo ainda alguns trabalhos, como o "winwenderiano" Além das Nuvens, co-dirigido pelo mestre alemão Wenders)... Mas nunca longe de uma legião de amantes de suas artes de contar histórias densas e repletas de riqueza filosófica: como esquecer O Sétimo Selo (com a já onipresente e imortal imagem da Morte num infindável jogo de xadrez com um cavaleiro medieval), Da Vida das Marionetes ou Morangos Silvestres (onírico e pungente retrato sobre a velhice e a morte) ou ainda Blow Up - Depois daquele beijo (espécie de "thriller de arte": insuperável final com o jogo de tênis de mímicos), A Noite e Profissão Repórter (incomunicabilidade e angústia acima de tudo, num inesquecivelmente distante Jack Nicholson, indecifrável em 'zooms' de longo alcance: como é mesmo que a câmera adentrou aquele portão fechado, hein, hein?)... Cinema com alma: sincero, autobiográfico ("para ser sincero, precisa ser auto-biográfico", já diria Antonioni) e genial, belos sonhadores na arte das grandemente simples narrativas (e das ainda mais imensas interpretações), daqui para toda a eternidade...



E, acabando-se o mês de julho, finalmente parece que nos libertaremos da praga dos "filmes de férias", onde uma enxurrada de bobagens norte-americanas amontoa os 'multiplexes' da vida, impedindo que títulos de maior relevância alcancem o grande público... E tome coisas como Quarteto Fantástico e O Surfista Prateado (talvez a maior bobagem do ano: nunca foi tão fácil destruir Galactus, reduzido a um tufão de poeira cósmica, num filme adolescente metido a engraçadinho sem estória nenhuma, que só vi por gostar de Quadrinhos) e Transformers (apesar do diretor Michael Bay, com suas câmeras nervosas em cima de tudo, sua patriotada e seus efeitos visuais e sonoros à exaustão, Spielberg deu a tudo a devida cara de anos 80 e ainda deu pra "salvar" o filme: divertidinho), a que se termina assistindo por absoluta falta de opções... A salvação parece ainda residir na animação: a sempre brilhante Pixar com seu Ratatouille (adorável comédia de animação) e a Dreamworks com seu Shreck Terceiro (mesmo com algumas piadas desgastadas, o ogro ainda tem fôlego criativo e "fecha" uma trilogia inteligente) salvaram o mês de julho da mesmice idiota da maioria... Correram por fora ainda dois trabalhos que valem uma conferida: 13 Homens e Outro Segredo (terceira e mais cômica parte da série inspirada em Ocean’s Eleven, com Frank Sinatra) e Harry Potter e A Ordem da Fênix (mais um subproduto literário adaptado para as telas e que se baseia unicamente na mídia exacerbada sobre um personagem sem graça em uma série longa e de filmes fracos – esse, talvez, seja o melhorzinho, com alguma estória...) conseguiram divertir com uma certa dose de qualidade. Deu para sobreviver...




E a Poesia continua lá na Miscelânea S/A...
 

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