terça-feira, 20 de novembro de 2007

Nada, nada, nada, nada...

25 anos de ‘BRock’


Parece que foi ontem: o compacto (antigo formato em vinil, que reunia apenas duas músicas, uma em cada lado) que meu irmão trazia cheio de entusiasmo da AkiDiscos da Rua Grande, devido ao ímpeto da idade (ele tinha 14 anos e eu, 6), foi colocado no “lado errado” – e tudo o que se ouviu foi isso, um Evandro Mesquita ensandecido gritando “nada, nada, nada, nada”... E mais nada! O ‘hit’ Você não soube me amar ficava no lado A (bons tempos que não voltam mais; os tempos são outros, com tudo raso, com um lado só...) e a debochada brincadeira prenunciava uma das mais inventivas bandas de todos os tempos, naquele longínquo ano de 82: A Blitz!

Não dá para esquecer aquelas primeiras impressões: Evandro Mesquita, guitarra e voz; Fernanda “Rio 40 Grauxxx” Abreu e Marcia Bulcão, ‘backing vocals’ (as “atrizes” com inserções de “falas” nas canções, influência de Patrícia Travassos, então esposa de Evandro); Ricardo Barreto, guitarra; Antônio Pedro Fortuna, baixo; William Forghieri, teclados; e Lobão (que deu o nome para a banda, em razão de os músicos levarem muita geral da polícia, mas saltou do barco um pouquinho antes do estouro, sendo substituído por Juba), bateria – sem dúvida, um hepteto repleto de novidades em sons e humor, casal perfeito com aqueles anos de Ploc (ou seria Ping Pong?) e gel New Wave.

Mesquita capitaneava tudo cheio das boas idéias que, logo, logo, transformariam a Blitz num dos maiores fenômenos de massa nacionais: especiais de televisão, revistas em quadrinhos e até álbuns de figurinha compuseram o quadro deste grupo de rock leve, letras bem-humoradas e ‘performances’ teatrais no palco, graças à experiência como ator de Evandro, ex-membro do grupo Asdrúbal trouxe o trombone, e que logo “fez a cabeça” da meninada com seu ‘mullett’ invocado (que meu irmão acrescentou ao estilo topetudo de Pepeu Gomes, outro ícone esdrúxulo da época... Lá em casa só dava jogada de cabelo!)!

Assim foram aqueles ricos anos 80: entre as propagandas de ‘neon’ e as saias-balão, muito ‘pop/rock’ emergiria com qualidades que transcenderiam décadas! Além da precursora Blitz (que, apesar de ter sido formada em 1980, estourou mesmo só em 82), há mais ou menos 25 anos várias surgiam outras bandas que comporiam o cenário do BRock, o rock brazuca, e duas, em particular, celebram esta data especial com ‘shows’ em parceira desde outubro: Paralamas (abreviação básica que sofreram as bandas-de-nomes-absurdos daquela época, como Kid Abelha, que ficou sem os “Abóboras Selvagens”!) e Titãs (uma reunião de vários outros grupos).

No caso dos Paralamas, algumas músicas engraçadinhas, alguns exames vestibulares e a entrada e saída de membros terminaram por adiar um pouco o ‘debut’ de qualidade do conjunto liderado por Herbert Viana, com sucesso mesmo, de público e de crítica, somente a partir do segundo disco ("Óculos", "Me Liga", "Meu Erro", "Romance Ideal" e "Ska" são dos idos de 84 e levaram o grupo a explodir no Rock in Rio do ano seguinte). Mas, enquanto a galera de Vital e sua moto resolveram experimentar no início dos anos 90 com sucesso mesmo só na Argentina e outros ‘hermanos’), a trupe capitaneada pela rebeldia de influência ‘punk’ do “traficante” Tonny Belotto e do “usuário” Arnaldo Antunes (que zarparia para irregulares vôss solos a partir do início dos anos 90) no ótimo “Cabeça Dinossauro”, acabaria no estilo “balada de auto-ajuda” dos Domingos, Epitáfios e Acústicos da vida...

Entretanto, Titãs e Paralamas seguiram viagem quase ininterrupta até hoje, enquanto a Blitz, mesmo com sua grande popularidade até entre as crianças e com o estrondo no Rock In Rio de 85, desfez-se em 1986, depois do terceiro LP, voltando a se reunir ocasionalmente para discos (como o bom “Línguas”, de 99), ‘shows’ ou eventos – afinal, banda no Brasil não acaba (ou se separa): “fecha pra balanço” por tempo indeterminado, até um próximo “lançamento” com os maiores sucessos da “maior banda de todos os tempos do final de semana”... E mais nada, nada, nada, nada...



E pensar que, nessa época, ainda surgiriam tantas bandas bacanas...
 

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