quarta-feira, 4 de junho de 2008

Os Heróis Têm Idade?

Nessa salada russa, só Harrison Ford salva: não foi a idade do herói que atrapalhou...


Ainda guardo na lembrança Indiana Jones e A Última Cruzada nas telas do hoje extinto Cine Passeio (atualmente uma loja de sapatos): enquanto acompanhava o cavalgar dos 4 cavaleiros rumo ao horizonte (Indiana, Professor Henry Jones, Marcus Brody e Sallah, respectivamente Ford, Connery, Denholm Elliot, pouco antes de morrer, e John-Rhyes Davies), eternos heróis (especialmente àquela hora, em que pai e filho já haviam bebido do Santo Graal e, por conseguinte, de acordo com a lenda, adquirido vida eterna...) num desfecho memorável de uma trilogia pra lá de especial que revolucionou o Cinema, pensava com meus botões se algum dia veria filmes tão inteligentemente divertidos como aquelas três rasgadas homenagens de Lucas e Spielberg aos seriados das matinês dos anos 30...

Seguiu-se a fria década de 90 e com ela a quase total ausência da “magia do Cinema” (com exceções como Matrix, de 99)... Mas, curiosamente, ao longo de toda aquela década, ouvíamos rumores de que aqueles dois revolucionários cineastas tinham interesse em retornar com aqueles que foram seus maiores trunfos entre os anos 70 e 80: Guerra nas Estrelas e Indiana Jones!

Infelizmente, nem preciso dizer o quão decepcionante foi acompanhar a tosca segunda trilogia espacial de Lucas, sem um pingo da inventividade ou da inteligência da original, restando tão somente uma panacéia de efeitos tolos e de atores mal dirigidos... Seria esse o mesmo destino do arqueólogo maior das telas? “Não, Spielberg já recusou inúmeros roteiros, porque quer um filme perfeito para esse grande retorno”, afirmavam com precisão amigos como Ricardo Alexandre, tão ansioso por ver novamente o herói de nossas infâncias nas telas... E olha que roteiristas do cacife de Frank Darabont e M. Night Shayamalan foram recusados: não havia como dar errado!

Mas deu... Indiana Jones e O Reino da Caveira de Cristal nada mais é que uma colcha de retalhos dos elementos que marcaram a trilogia original (os diálogos e personagens carismáticos, as cenas de ação... Só que sem o brilho e a sustância de outrora) somada a uma estorinha que, infelizmente, não se sustenta por si só: Indiana tem de resgatar um amigo (que seria o seu pai, se Sean Connery não tivesse sido sensato depois de idiotices como A Liga Extraordinária e pulado fora do barco, aposentando-se antes) na Amazônia, que saberia o grande segredo do tal Reino da Caveira de Cristal do título, um lugar mágico, possivelmente cheio de tesouros e cobiçado desde os tempos da colonização... Parece bacana, não? Ainda mais se os nazistas seriam substituídos à altura pelos russos da década de 50 em plena “caça às bruxas” norte-americana aos comunistas; a personagem Marion Ravenwood voltaria encarnada pela encantadora (e sumida) Karen Allen de Os Caçadores da Arca Perdida; e Indiana, de quebra, teria um filho como parceiro... Mas, meus caros, tudo não passa de uma grande canoa furada dos novos tempos vazios, que lutam arduamente para trazer aquele gostinho oitentista de volta...

Lembro-me ainda do Sr. Spielberg afirmando com convicção que o filme “traria o menor número de efeitos especiais possível, a fim de homenagear as raízes do personagem e das primeiras produções”... Mas não foi isso que aconteceu! Será porque, tal como correm os boatos, Spielberg quereria agora homenagear não os seriados dos anos 30, mas os filmes-B dos anos 50, época da trama? É, isso explicaria o besteirol de tantas criaturas pululando em cenas inconseqüentes e desnecessárias (como as formigas gigantes do Amazonas e os índios “mutantes” do Peru, algo mais perto de A Múmia do que de Indy...) ao longo do filme... Mas isso explicaria um roteiro tão esvaziado sobre a vinda de alienígenas à Terra e suas influências sobre antigas civilizações, do jeitinho das teorias pra lá de conhecidas de Eram Os Deuses Astronautas (e ainda mastigadas à exaustão no filme)? E explicaria também uma Cate Blanchett sem graça e caricatural como a vilã russa? E Indiana como uma espécie de agente secreto a serviço da CIA desde a Segunda Guerra, escapando de uma explosão nuclear dentro de uma geladeira? E o que dizer do excesso de exageros (não digo de o herói sempre se livrar das balas, mas do absurdo de seqüências que beiram os atuais filmes de super-heróis ou mesmo desenhos animados!) e de efeitos especiais, usados a todo o momento, sem um mínimo de noção, apenas para justificar a falta de história para contar?

É, meus caros, o problema não foi a idade do herói (Harrison Ford é, de longe, a melhor coisa do filme), mas é uma grande pena que seja ele a única justificativa para se olhar aquele “velho amigo” dos anos 80 em ação outra vez... A trama desinteressante e o excesso de excessos sepultou de uma vez por todas o que era para ter acabado naquele crepúsculo dourado de 89... Rezemos para que aquela série televisiva chinfrim, que contava as aventuras do jovem Indiana, não volte agora, nos cinemas, na pele de seu filho (Shia LaBeouf): pelo menos é o que nosso amigo arqueólogo deixa a entender quando pega o chapéu do chão da igreja no dia de seu casamento (sinal de aposentadoria?), algo como “Mesmo com a burrice dos ex-mestres Spielberg e Lucas, eu sempre serei Indiana Jones e mais ninguém tomará o meu lugar”. Amém!


Família unida: e quem quiser que conte outra... Melhor não!
Para os fãs de série, clique no quadrinho do lado esquerdo do canto superior da tela (ao lado do pôster) para ouvir o tema do personagem
Mais informações e curiosidades sobre o filme, visite o 'site' AdoroCinema.Com
 

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