terça-feira, 8 de julho de 2008

Os Heróis Têm Sexo?


"Santa palhaçada baitola, Batman!” Duas faces da mesma moeda (sem trocadilhos): imagem da exposição de Mark Chamberlain, na Galeria Kathleen Cullen Fine Arts de Nova Iorque, e foto de um estandarte da última parada ‘gay’ de São Paulo.

Há algum tempo, um “artista plástico” novaiorquino, Mark Chamberlain, resolveu desrespeitar um dos personagens mais completos da História dos Quadrinhos, Batman: em uma série de aquarelas que lembram desenhos das antigas estorinhas, o Cavaleiro das Trevas aparece em cenas homossexuais grosseiras com o Menino Prodígio (a ilustração acima é das mais “sutis”), que, a julgar pela fértil imaginação do “pintor”, teria quase a mesma idade do Homem-Morcego, o que não coincide com a “realidade”...

Muito longe de ser uma postagem homofóbica, longe de mim, especialmente quando, nos Quadrinhos, há alguns super-heróis gays... Mas daí a pegar um dos ícones machões da Era de Ouro dos Quadrinhos, de um tempo policialesco (a revista em que eram originariamente publicadas as estorinhas do Morcego era a Detective Comics, ou traduzindo, “Quadrinhos de Detetive”, nome da atual Editora, dona dos direitos de Super-Homem, Flash, Mulher-Maravilha, dentre outros) como o de 1939, e debochar sobre tudo isso numa pseudo-art-pop, acho grosseiro...

Era abril de 1939 e o personagem de um homem vestido de morcego era um tanto soturno para os leitores da época... Assim, Richard Grayson, o primeiro Robin, foi criado para humanizar a figura do Batman: assim, uma criança, o Menino-Prodígio, serviria como um contraste para os métodos sombrios utilizados pelo Homem-Morcego, um personagem violento que então não hesitava em matar seus inimigos (o que mudaria com o tempo: hoje Batman nunca mata). Com o surgimento desse órfão de um casal de trapezistas, as histórias do Batman ganharam diálogos com mais leveza e nascia assim o ‘boom’ de sidekicks (parceiros de combate) mirins, como Bucky para o Capitão América, Centelha para o Tocha Humana...

Até surgir, na vida real, um vilão com um plano infalível, que escreveria seu nome na história abalando para sempre a indústria das histórias em quadrinhos, como bem lembra Edvaldo Filho em seu excelente texto “Robin, um sobrevivente”, onde passa a transcrever o polêmico trecho do livro “A Sedução dos Inocentes”, de 1954, em que o psiquiatra Frederick Wertham afirmava que os quadrinhos seriam os responsáveis pela inversão de valores e pela corrupção e delinqüência juvenil, dando o errôneo destaque para a relação entre Batman e Robin: "uma relação entre dois homossexuais que moram numa mansão suntuosa com lindas flores em vasos enormes. Algumas vezes, Batman está de cama por causa de algum ferimento. Robin aparece sentado ao seu lado. Eles levam uma vida idílica. Tem um mordomo, Alfred. Batman aparece algumas vezes de roupão. Parece um paraíso, um sonho de consumo de dois homossexuais que vivem juntos. Às vezes aparecem num sofá. Bruce reclinado e Dick ao seu lado sem paletó e de camisa aberta". Daí para o afetado e ‘camp’ seriado dos anos 60 (que não conta como adaptação, sendo na verdade uma sátira) e os atuais tempos “politicamente corretos” sobre dignidade gay, a Dupla Dinâmica virou alvo fácil da molecagem já há um bom tempo...

Uma pena, realmente, uma vez que, além de gay, Bruce Wayne teria que ser um legítimo pederasta para ter algo com Robin: com 12 anos de idade, Robin é apenas um garoto quando passa a ser treinado por Bruce Wayne e, com este, começa a combater o crime; mais tarde, quando adolescente/adulto, ele passa a agir com os Novos Titãs (e depois com os Renegados) e vira o Asa Noturna, deixando Batman por um tempo atuando sozinho, até que, com o passar dos anos, outros editores entenderam por bem introduzir novos Robins (sem trocadilhos infames, juro!): no todo, já foram 5 Robins, incluindo duas garotas! Enquanto isso, Bruce se envolvia com inúmeras mulheres (tendo inclusive sido noivo na década de 40 e vindo a ter um bebê com Tália, filha de Ra’s al Ghul, num arco paralelo de estórias)...

É por essas e por outras que às vezes fico a pensar se não teria razão Ney Matogrosso, quando afirmou que "essa onda gay não é um avanço humano; é um avanço de mercado", ao explicar, numa entrevista, por que sempre se recusou a ser porta-estandarte de “causas” como as paradas LGBT... Radicalismos à parte, o certo é que há um oba-oba desnecessário em torno de uma causa nobre que, por vezes, em vez de gerar o devido "orgulho gay", acaba gerando uma tolice de simplesmente "polemizar" - o que não deveria chegar a obras ou personagens que já são marcados por maliciosas provocações... E viva os sidekicks!
|

1 comentários:

Unknown on 11 de julho de 2008 às 14:51 disse...

Apoiado em todas as palavras, Dill. Isso parece que está na moda e dá Ibope, vide aquele programa da Luciana Gimenez na Rede tv. Fazer o quê, agora querem até colocar na cadeia quem não concordar com eles... Sinceramente, creio que um erro não justifique outro. Os gays têm todo o direito de fazer o que bem quiserem com o seu corpo, mas tudo deve ter um limite, pelo menos o do bom gosto.
Valeu!

 

+ voam pra cá

Web Pages referring to this page
Link to this page and get a link back!

Quem linkou

Twingly Blog Search http://osmorcegos.blogspot.com/ Search results for “http://osmorcegos.blogspot.com/”
eXTReMe Tracker
Clicky Web Analytics

VISITE TAMBÉM:

Os Diários do Papai

Em forma de pequenas crônicas, as dores e as delícias de ser um pai de um supertrio de crianças poderosas...

luzdeluma st Code is Copyright © 2009 FreshBrown is Designed by Simran