Se vens de fora ou chegaste agora, dá licença de contar: esta terra de contrastes tem mais poesia a dois por sobre os telhados e paralelepípedos, que hoje completam 396 anos de História, do que em qualquer outro lugar... Tanto que, por aqui, amores nascem de onde menos se espera e permanecem por séculos, indeléveis, impressos por sobre azulejos incautos e discretos, escondidos por entre o limo das paredes velhas... E eu, que pra ti sou parte viva destes sobrados e destas vistas cheias de sonhos, canto-te estas ruas e estes becos sem fim... E é tanta poesia, que esta cidade tem um hino oficial (cuja letra você acompanha abaixo), de autoria do poeta Bandeira Tribuzzi, e outro que já se oficializou pelos cantos dos amantes nos poentes encantados à beira-mar, a bela canção Ilha Magnética, de César Nascimento (que você ouve no belo vídeo-fotográfico acima). E por ser tão rica em poesia é que também cabe homenagem a um dos maiores que nasceram desta Ilha Encantada: Ferreira Goulart, que, quase empatado com o aniversário de São Luís, completará 78 anos no próximo dia 10...
CANTIGA PARA NÃO MORRER
Ferreira Goulart
Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.
Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca como a neve,
me leve no coração.
Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho de neve,
me leve no seu lembrar.
E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina de branca neve,
me leve no esquecimento.
LOUVAÇÃO A SÃO LUÍS
Letra e Música de Bandeira Tribuzzi
Ó minha cidade
Deixa-me viver
que eu quero aprender
tua poesia
sol e maresia
lendas e mistérios
luar das serestas
e o azul de teus dias
Quero ouvir à noite
tambores do Congo
gemendo e cantando
dores e saudades
A evocar martírios
lágrimas, açoites
que floriram claros
sóis da liberdade
Quero ler nas ruas
fontes, cantarias
torres e mirantes
igrejas, sobrados
nas lentas ladeiras
que sobem angústias
sonhos do futuro
glórias do passado
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