Depois do humor pastelão de boa gama de candidatos a prefeitos e vereadores, que ainda encaram a Política e os cargos públicos como uma divertida loteria e lutam para tirar a sorte grande sem ética alguma, aqui em São Luís do Maranhão encararemos o segundo turno... Com Lula olhando, lá de cima, por todos nós...
Incrível como o Lula, de “sapo barbudo”, transformou-se no garoto mais popular do colégio: calouros e veteranos da escola da politicagem nessas eleições, em todo o Brasil, disputaram a tapa o apoio do Presidente mais popular da História deste País... Desafetos ou aliados, não importa, o que interessa é uma foto ao lado do “hômi” ou um vídeo no horário eleitoral desse ou daquele candidato, com o barbudo dizendo que o apóia... E por aqui a coisa não foi diferente: a impressionante arrancada do ex-juiz federal e meu ex-professor Flávio Dino, da aliança PCdoB e PT no Município, tem o apoio “oficial” de Lula, diferentemente do ultrapassado e ex-governador biônico dos tempos da Ditadura Militar, João Castelo (PSDB), antigo compadre e atualmente rompido em relações com a Sarna... Mas que agora também deseja o Lula! Com os dois no segundo turno para prefeito de São Luís, não consigo parar de pensar num amigo meu, que perguntou a sua empregada em quem esta votaria: “Ah, nesse Flávio Dino, que o Lula 'tá com ele e eu não quero perder minha bolsa família! Nem eu, nem minhas irmãs”! É... Às vezes o errado sai certo...
E sigo a disfarçar o trabalho com o prazer, e paro um dia para rever Alcântara e um processo esquecido... Encaro a lancha e as ondas (calmas, até...) do verão de outubro e visito aquele paraíso perdido e quente, que me abraça como uma amante – logo eu, tão fiel a São Luís!
E nessa cidade-fantasma, sem quase viva alma além de militares perdidos num projeto esvaziado por bases espaciais mal resolvidas, ou dos despojos de “restos mortaes” de gente abastada de outrora nos pátios das igrejas seculares, busco incessantemente por água, sombra e por um processo que parece não ter fim...
Mas eis que, nessa dimensão paralela logo ali, o sol nasce por sobre o pelourinho e se eterniza na pintura de cor viva por sobre as ruínas de um tempo morto e suspenso no ar, porém prestes a nascer outra vez, a rolar abaixo a Ladeira do Jacaré, criar forma no mar e se alimentar de doces de espécie...
E sigo, sem olhar para trás, para que não me escape a vista (por entre um pórtico da ruína de algum casarão perdido ao lado de alguma belíssima igreja) de um processo sem solução: por dentro do pórtico a imagem de um outro, donde se vê mais uma cidade a esperar...