e o sentimento do mundo,
mas estou cheio de escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transige
na confluência do amor”.
(...)
(Trecho de Sentimento do mundo, de Carlos Drummond de Andrade)
Há exatos 32 anos nascia Dilberto L. Rosa... Que me importa, que me vale: eu, que nasci há dez mil anos atrás, e não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais, não vejo graça nenhuma em endeusar ninguém, muito menos alguém que, se tinha algum talento, enterrou-o por 30 moedas e ainda se esqueceu de onde o fez!
Mas amo, seja como for, e isso talvez ainda deixe seco, no canto da boca, um gosto amargo e um travor na língua... Mas isso é o que me faz seguir em frente e acreditar que um dia ainda possa voltar a voar... Nem que leve mais 32 anos... Ou dez mil...
“Feliz, feliz, feliz”... Soam as 13 badaladas da Igreja da Sé, no coração do Centro Histórico, como a entoar um cântico gregoriano camuflado naquele sibilar tristemente alegre de fé, em homenagem a alguma virgem aparecida não sei onde... E São Luís inteira acorda e recorda seus aniversários desde que o mundo é mundo e os Timbiras dominavam esta terra, muito antes da Poesia de seus casarões... Cada pedra de cantaria, no fundo, quer saber mais sobre esse cara que as pisa com carinho, como que tropeçando nos astros, distraído... Tanto que nem vê a moça que acabou de achá-lo bonito, pois, na verdade, já nem se lembra se o é...
Tão esquecido, tão bizarro, quase como um vilão, que roubou sossego ou que destruiu sonhos do mundo ou de uma moça enamorada... Ele mesmo já nem lembra quando poderá acordar num novo conto ao lado da mulher amada...
E a chuva não para de cair e de molhar e de obstruir... E o rosto se molha, entre muitas lágrimas e pingos d’água... E o dia segue lento, demorando a passar... E a vida se arrasta, só para ver, com ardor e aflição infantis, o que ainda virá...
E eu, que não passo de um comum super-herói qualquer, peço para o tempo parar no dia em que, amando, fui feliz... E o tempo daquele gentil aniversariante se congela, com ele soprando uma vela e fazendo um pedido para a posteridade...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando e não posso falar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
(...)
Eu vejo a barra do dia surgindo, pedindo pra gente cantar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tenho tanta alegria, adiada, abafada, quem dera gritar
(Trecho de Quando o carnaval chegar, de Francisco Buarque de Holanda)
1 comentários:
Dilberto,
Agradeço por sua visita e comentário, não sei se já comentei mas já escrevi alguns poemas sobre morcegos e afins.
um deles é este:
Amor Vampiro
Daí-me teu sangue quente
saciando a minha necessidade
e seremos ardentes amantes
para toda a eternidade.
Teu sangue adocicado
Pela minha boca saciada
Vai escorrendo paulatinamente
Perpetua-se o nosso amor
Numa união que está marcada...
Agora serás minha para sempre.
Valter Montani
saudações!
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