A linguagem dos Quadrinhos, cada dia mais reconhecida como arte independente, precisa ser respeitada como tal: linguagens gráfica e literária normalmente indissociáveis (pode haver uma História em quadrinhos sem diálogos, por exemplo). Em outras palavras, cada arte com sua libguagem: não dá para comparar uma HQ, por mais rica, com uma obra de Literatura! Mas alguns trabalhos, seja por sua inovação visual, seja pela riqueza social de seus textos, muitas vezes aproximam-se a trabalhos literários, como os de Dostoiévski, Victor Hugo ou de Machado de Assis, ou deslumbra em termos de artes plásticas, como o realismo fotográfico de pintores como Richard Whitney. Assim, hoje merecem destaque duas obras-primas precursoras que adquiri recentemente em minha humilde coleção quadrinística...
Will Eisner dispensa apresentações, mesmo para os não iniciados em Quadrinhos: sinônimo de qualidade e inovação (seu nome é título de prêmio nos EUA), Eisner trouxe ao mundo, em 1978, esta genialidade com aspectos cinematográficos (sua famosa definição de "Arte Sequencial"), por muitos considerada a primeira 'graphic novel' ("romance gráfico", termo já usado na década de 1960, mas só popularizado com a arte de Eisner), Um Contrato com Deus, onde 4 contos independentes (de longe o mais forte e poeticamente rico é o que abre a obra, homônimo do título do livro - com preço um pouco acima da média, R$41,00, sem nenhum extra...) narram as venturas e desventuras de gentes mesquinhas, pobres, patéticas ou perdidas, homens e mulheres comuns, trabalhadores, oportunistas e donas de casa da classe baixa judia de Nova Iorque, morando em cortiços (reais ou imaginários) e sonhando com uma vida melhor... Temas adultos como dor/esprança, pedofilia, adultério e inicação sexual são permeados à sempre em movimento arte do imortal Eisner, tal como se estivéssemos vendo um amargo filme em preto e branco da década de 50, inesquecível...
Já a explosão de cores de um universo, digamos, mais comercial (Eisner também foi inovador neste mundo, tendo criado a lenda igualmente inovadora Spirit, na década de 40) e mais recente (1999/2002), também marca outra obra genialmente extraordinária em criação: numa visão ainda mais cinematográfica, especialmente destacada pela arte de "pintura em realismo fotográfico" (a técnica deste artista consiste em fotografar modelos em trajes de super-heróis e em poses de ação, pintando posteriormente esta ação, acompanhando o original fotográfico como modelo) por cima de um moderno visual "retrô", fruto da paixão do artista Alex Ross pelos visuais antigos de clássicos personagens, como Batman, Super-Homem, Mulher-Maravilha e Lanterna Verde: Os Maiores Super-Heróis do Mundo (Panini, R$ 100,00) vale cada centavo da luxuosa versão encadernada com estórias independentes dos principais personagens da DC Comics, em criativas e realistas estórias, trazendo os super-heróis para problemas sociais do mundo atual, como fome mundial e repressão feminina em países do Oriente Médio, desenvolvidas por Paul Dini (da ótima série Batman: Animated Series), tudo narrado em grandes pinturas abertas, tal como num grande "livro infantil" moderno para adultos, cheio de detalhes e traços incríveis que saltam das páginas - sem contar com inúmeros extras para os fãs, como entrevistas com os autores e esboços dos conceitos originais... Imperdível!
Will Eisner dispensa apresentações, mesmo para os não iniciados em Quadrinhos: sinônimo de qualidade e inovação (seu nome é título de prêmio nos EUA), Eisner trouxe ao mundo, em 1978, esta genialidade com aspectos cinematográficos (sua famosa definição de "Arte Sequencial"), por muitos considerada a primeira 'graphic novel' ("romance gráfico", termo já usado na década de 1960, mas só popularizado com a arte de Eisner), Um Contrato com Deus, onde 4 contos independentes (de longe o mais forte e poeticamente rico é o que abre a obra, homônimo do título do livro - com preço um pouco acima da média, R$41,00, sem nenhum extra...) narram as venturas e desventuras de gentes mesquinhas, pobres, patéticas ou perdidas, homens e mulheres comuns, trabalhadores, oportunistas e donas de casa da classe baixa judia de Nova Iorque, morando em cortiços (reais ou imaginários) e sonhando com uma vida melhor... Temas adultos como dor/esprança, pedofilia, adultério e inicação sexual são permeados à sempre em movimento arte do imortal Eisner, tal como se estivéssemos vendo um amargo filme em preto e branco da década de 50, inesquecível...
Já a explosão de cores de um universo, digamos, mais comercial (Eisner também foi inovador neste mundo, tendo criado a lenda igualmente inovadora Spirit, na década de 40) e mais recente (1999/2002), também marca outra obra genialmente extraordinária em criação: numa visão ainda mais cinematográfica, especialmente destacada pela arte de "pintura em realismo fotográfico" (a técnica deste artista consiste em fotografar modelos em trajes de super-heróis e em poses de ação, pintando posteriormente esta ação, acompanhando o original fotográfico como modelo) por cima de um moderno visual "retrô", fruto da paixão do artista Alex Ross pelos visuais antigos de clássicos personagens, como Batman, Super-Homem, Mulher-Maravilha e Lanterna Verde: Os Maiores Super-Heróis do Mundo (Panini, R$ 100,00) vale cada centavo da luxuosa versão encadernada com estórias independentes dos principais personagens da DC Comics, em criativas e realistas estórias, trazendo os super-heróis para problemas sociais do mundo atual, como fome mundial e repressão feminina em países do Oriente Médio, desenvolvidas por Paul Dini (da ótima série Batman: Animated Series), tudo narrado em grandes pinturas abertas, tal como num grande "livro infantil" moderno para adultos, cheio de detalhes e traços incríveis que saltam das páginas - sem contar com inúmeros extras para os fãs, como entrevistas com os autores e esboços dos conceitos originais... Imperdível!