domingo, 31 de outubro de 2010

Dia das Bruxas sem Vampiro...

Porque esta ainda é uma nação que não se deixa dominar pelo medo ou pelo terror...

"Lula-lá, brilha uma estrela/ Lula-lá, cresce a esperança..." Cresci democraticamente com o PT: em 89, quando já me entendia politicamente como gente, fiz trabalho de equipe na matéria de EMC sobre o então candidato Roberto Freire, mas, no fundo, queria ter feito mesmo sobre aquele líder metalúrgico que, com o apoio de uma nação de artistas que já admirava – e que imortalizaram um dos 'jingles' mais bonitos da nossa história política –, poderia ser o senhor de uma virada política histórica, ao ser o primeiro presidente operário/socialista de um País então saído de um sujo e ridículo "governo de abertura democrática" do Sarney (1985/1990) e de uma ditadura militar de mais de vinte anos...

Com o apoio da ditadura da Globo, a imagem de Collor foi alçada ao cargo máximo da nação até a sua derrocada, com enrustidos caras pintadas maquiando o que nem a emissora do plim-plim queria mais: veio Itamar, num ótimo mini-governo de transição, e, com ele, as crias que tornariam o futuro do Brasil numa rinha de galos bicolores...

Com Itamar e com o Real, uma das nossas maiores conquistas recentes (o que provou que só faltava iniciativa política para controlarmos a inflação), veio a cria FHC, o sociólogo plantado para ser presidente e que, além de querer esquecer tudo o que havia escrito antes da posse como mandatário máximo da Nação, também esqueceu Itamar e se coroou o rei de um Brasil sem monarquia: esbanjou dinheiro público e voou como trator com seu Serjão-móvel por sobre bandalheiras (SIVAM, pasta rosa, BNDEs, Vale, precatórios), compras de votos para a reeleição (nossa pior "conquista"!), pífias e sucateadas privatizações, pior época para a Educação e para o funcionalismo público... A coisa foi tão feia que, mesmo reeleito e com a máquina nas mãos, não conseguiu fazer seu sucessor, o Vampiro de São Paulo, José Serra!

Não, o momento não é de retrospectiva histórica para uma conclusão a favor do PT ou da “histórica eleição da primeira presidenta do Brasil” – até porque temos no Maranhão a “primeira governadora do Brasil” e olha onde estamos (sexo, na Política, não quer dizer nada!)! Apesar de nunca ter sido partidário, era um defensor do PT e de outros partidos ditos de esquerda e com eles evoluí dos argumentos duros, enfurecidos e amadores de outras épocas e fui vendo, junto com eles, que muitas concessões precisavam ser feitas em nome de uma boa governabilidade. Entretanto, mesmo com os inegáveis avanços econômicos e sociais do ótimo governo Lula (no ensino profissionalizante e com maiores investimentos na Educação; PAC 1; políticas de incentivo à construção civil; aberturas de créditos populares e setorização de distribuições de renda; Minha Casa,Minha Vida; contenção de impostos para controle da crise...), não deu para engolir ver o PT de tantos combates ligar-se a tantos esquemas de corrupção, fisiologismos, nepotismos e alianças espúrias – mais duro que ter visto Lula pedindo votos para a ‘famiglia’ Sarney todo dia aqui no Maranhão, em outubro, foi ver o Bigodudo Imortal abraçando a então anunciada eleita presidenta, agora à noite, em Brasília...

Nem preciso dizer que aposentei a estrelinha do peito e hoje, quando me perguntavam sobre meu voto, dizia simplesmente que anularia... No fundo, ainda não estava muito certo... Apesar do primeiro turno “verde” (mais por uma ideologia falida que por realmente acreditar no “fenômeno esvaziado” Marina), vesti uma camisa vermelha, como sempre fazia nas outras eleições (uma representação romanticamente platônica, eu sei – o socialismo/comunismo naufragou em governos ditatorialmente autocráticos e sucateados), só que agora com um diferencial no peito: uma grande e estampada gravura à anos 80 do Barney Rubble dos Flintstones, em homenagem à minha doce Isabela, que foi junto... Bem, se ainda “não estava muito certo” quanto à anulação, certifiquei-me ao ver, abaixo do retrato da Dilma, o rostinho do Michel Temmer na máquina, nata do PMDB, partido que “está sempre do lado certo” (ou seja, o do poder), concluindo que "00" seria uma melhor opção que 13...

Sim, abstive-me por trás de um voto nulo, até vir uma terceira via lúcida e preparada para nos tirar de um continuísmo petista ou de um retrocesso em trazer aqueles tucanos do inferno ao poder... Jamais votaria no PSDB, partido que nem oposição séria foi (muitos de lá até discutiram a possibilidade de logo fundirem-se tucanos e petistas, tamanha a “adesão” pessedebista aos esquemões do poder) – e, a julgar pela mais tola, retrógrada e ridícula “campanha apócrifa” já feita na história deste País (com calúnias via 'internet' sobre a “terrorista com metralhadora, mulher-macho adoradora de Fidel com charutão na boca e matadora de criancinhas” Dilma, dentre outros absurdos), jamais o será – e ainda mais esvaziado que o PT recente em termos de programas de governo (Serra só faltou registrar em cartório que levaria o Mar para Minas!)! Mas, por outro lado, não conseguiria votar na continuidade de um grupo que, para o bem e para o mal, já ocupa 8 anos no poder e já não é mais um pobre partidinho de esquerda que sonha em conquistar alguma coisa, tamanho o seu alcance (e seus sujos “aliados”) em vários vértices do País...

Concordo com o Chico: Dilma é preparada e inteligentíssima! Concordo que sua oratória era pobre e que lhe faltavam os traquejos do jogo político dos palanques, mas isso não fazia dela uma “desmiolada”, uma “despreparada”, como queriam as frotas fascistas/elitistas paulistas do Serra: em termos de gestão, Dilma não ficou atrás de máfias de genéricos para se auto-intitular a “melhor ministra”! Pelo contrário: foi das que mais trabalharam com o Presidente, o que lhe rendeu os epítetos nada corteses de “durona” e “sargentão”... Mais meritório ainda ver alguém que lutou contra a ditadura na linha de frente de uma democracia ampla e irrestrita (apesar das várias e infudadas acusações em contrário...)! Agora é fiscalizar e lutar junto por dias melhores para um Brasil que ainda precisa de muita política pública para ficar de pé sozinho e, de uma vez por todas, livre de cânceres congênitos...


Concordo ainda com o dito pelo “fenômeno” Lula: “Serra sai menor desta eleição” – não só ele, como todo o PSDB que, se se confirmarem as previsões autofágicas dos cientistas políticos, vai se implodir sem bandeira ou identidade logo, logo, entre a Ipiranga e a Avenida São João! Será que deu para aprender que bolinha de papel dói menos do que lutar para ser o “Zé” popular, que "veio de baixo" e que “lutou contra a Ditadura" correndo para o Chile?! Fico aqui a relembrar seu ‘jingle’, separado de mais de 20 anos daquele clássico citado no início desta crônica: “Quando se conhece bem uma pessoa, logo se sabe que é gente boa/ com Serra essa certeza a gente tem, o Serra é do bem, o Serra do bem”... Seria medo de levarem a sério que ele era mesmo um vampiro tupiniquim, pronto para fazer o mal, ou seria para contrabalancear o número de “maldades abortivas” da “Dilma do Mal”? Não dá para saber... Mas, depois que santas negras foram levadas para o altar por um ex-ateu e que até o Papa foi convocado para dar uma fezinha nas escolhas de um Estado laico, só fico com um conclusão: nunca mais na história desse País haverá tempos – e ‘jingles’ geniais e cheios de esperança – como aqueles do fim de minha infância...
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19 comentários:

cineboy on 1 de novembro de 2010 às 04:19 disse...

Dilberto meu amigo concordo com tudo que voce disse, mas votei 13, Dilmei com orgulho pois creio num projeto maior que irá levar o Brasil a um futuro melhor. Creio nisso, é meu sonho, nunca vi tanto ser feito como nos últimos anos, nunca vi olimpiada por aqui,política externa altiva e crescimento com distribuição de renda e inflação baixa. Sim, temos muitos problemas, sim o maranhão tem os pústulas no poder e amigos do governo central, mas são ossos do fício de um governo de alianças abertas, isso é feio, eu sei,porém vibrei e adorei o fim do Serrote. VÁ DE RETRO VAMPIRO RSRSRS!!!
Dilberto volte a acreditar, acho que os anos vindouros podem ser bons de algum jeito, pode-se melhorar o Brasil e aqui também,ainda tem-se esperança!!! Abraços meu amigo! Que sua família esteja ótima e Isabela cheia de saúde!!

Claudinha ੴ on 1 de novembro de 2010 às 10:58 disse...

Caro amigo, nenhum dos dois me agradaria. Mas eu não queria Dilma não. Não tenho preoparo para escrever sobre política então, leio , aprendo com os outros. Porém não tenho nenhum orgulho em dizer que ela é minha presidente (nem por ser a primeira mulher).
Beijos!

Jandira disse...

Eu que tanto aprendi e que tanto te ouvi ao falares de política,nesta eleição, me vi desiludida a ponto de até discutir o assunto contigo e pasme: divergi, em alguns aspectos do teu posicionamento! Mas tens razão quando dizes que o que nos resta é lutar e fiscalizar junto por dias melhores... Acho que o sonho de um Brasil e principalmente,de um Maranhão melhor, ainda é possível.O texto ficou ótimo!Para mim conseguiste externar o que querias a respeito dessa momento histórico. Beijo

Érica on 1 de novembro de 2010 às 12:50 disse...

Meu primeiro turno foi verde também, apesar de eu saber que Marina é protestante, queria implantar o criacionismo nas escolas e tinha uma plataforma de governo muito fraquinha.O que me fez votar em Dilma no segundo turno não foi por ela ser mulher, nem por Lula ser o cabo eleitoral mas amado do pais, foi porque eu acompanhei essa campanha ofensiva, baseada em dados e informações duvidosas querendo confundir a cabeça das pessoas. Eu odeio o corujito (Serra) e ontem dele só sobrou o pó.
auhuhauhauha
Bem feito!!!!

ótimo texto, adorei!!!

Beijos, beijos

Batom e poesias on 1 de novembro de 2010 às 17:52 disse...

Texto muitíssimo bem escrito, Dilberto.
Um dos melhores que li até agora, sobre o assunto, tanto literariamente falando, quanto no conteúdo, sensatez e clareza.

Não concordo com tudo, mas rendo-me aos seus argumentos.

bjs
Rossana

Jens on 1 de novembro de 2010 às 18:11 disse...

Pois é Dilberto, transformaram a eleição em um Gre-Nal (nós contra eles). Como gosto de uma peleja renhida, fui de Dilma. Mas respeito quem pensa diferente e também aqueles que preferiram não tomar partido. Agora, a vida política continua. Mais serena e sem agressões é o que eu espero.
Parabéns pela análise. Não concordo com tudo o que você escreveu. Mas também não discordo de tudo.
Um abraço.

Ruby on 1 de novembro de 2010 às 23:35 disse...

Dilberto, grandes verdades. Só você, carissimos com toda sua maestria verbal pra resumir o que foram esse dias que só 4 anos depois é que saberemos como serão. Sexo na política não quer dizer nada e outras governadoras foram tão ruins como muitos governadores. Francamente não escolhi a presidente eleita como minha cadidata, até porque a minha eleita ficou pra trás, acho que agente não tinha muita escolha nesse 2do turno, era se correr o bicho pega, se...mas agora que ela venceu, só nos resta, pedir a Deus que ela não faça um bom governo, já que entrou na política pelo mais alto degrau. Quanto ao mundo da política é desnecessári falar o qual sujo ele é, Uma hora aquele que combatia, se torna aliado e seus interessses vão se concretizando. Vamos ter fé, o clã do MA, falou que essas eleições são as últimas disputas. Quem viver verá.

Scorpys on 1 de novembro de 2010 às 23:42 disse...

Olá morcego,bom aqui na Capital Federal o governador é do PT,pelo menos a era Roriz acabou,assim espero..rsr.Tenha uma semana deliciosa,
beijussssssssssssss

MARCOS DHOTTA on 2 de novembro de 2010 às 10:53 disse...

Caríssimo Dilberto,

Nem tempo de salivar tive, fui engolindo à seco mesmo. Que cenário político fantástico foi esse que você descreveu... Um retorno às raízes primeiras de nossas cicatrizes político/democráticas. Um recorte histórico exato, desde o processo de abertura - escancarado - do governo Sarney até as ditas bolinhas pautadas em sangue endereçadas ao Demo do “bem... Linda postagem!

Anônimo disse...

Dilberto, fica a curiosidade revelada eu fui uma cara pintada e fui pra frente do MASP aqui em SP pedir o Impeachment do Collor. Não votei na Dilma, agora espero que ela faça um bom governo pq na primeira falha que ela tiver aposto que haverão machistas dizendo: "Tá vendo? Tinha que ser mulher!".
Big Beijos

Ricardo Campos disse...

Li o seu texto e respeito a sua opinião. Mas em algumas considerações levantadas sou totalmente contra. Antes de tudo, nasci também idolatrando a estrela do PT e todos os seus líderes; Lula, Genoíno, Dirceu, Mercadante, etc. Eu formava dupla na faculdade com um esquerdista inteligente, leitor de pensadores como Gramsci, Marx, etc. Fui a favor do Fora FHC. Fui contra o governo de Fernando Henrique Cardoso, chamado "elitista". Mas quando despertamos, crescemos, acordamos e amadurecemos e tiramos o viés ideológico que nos cegava e olhamos atentamente a realidade ao nosso redor, nós percebemos que estávamos errados. Talvez não seja errado buscar um mundo melhor, outro mundo possível, mas querer transformar este mundo com suas próprias idéias impondo uma ideologia que busca esmagar aquilo que toda a humanidade sempre prezou; que é a liberdade, democracia, propriedade privada, caridade, amor, fé, valores morais universais, direito a vida, moralidade e legalidade, não tem como concordar. A esquerda, travestida de lenninista, marxista, stalinista, teólogos da libertação, nazista, socialista, castrista, chavista, maoísta, etc, sempre se portou de defensora da "ética", da "moral" e da "liberdade". Mas o movimento revolucionário quer abater todo o contráditório e deixar que somente esquerdistas "paz e amor" ou "linha dura" se alternem no poder. Onde está a direita clássica, tal qual em outros países desenvolvidos onde verdadeiramente há alternância de poder? Onde estão aqueles capazes de dar "um banho de capitalismo" na nossa economia como aconteceu com a Coréia do Sul, com o Japão, com os EUA, com a Alemanha, França e demais, dito países desenvolvidos que foram salvo com a economia de mercado (a exceção da Suíca, Suécia e Finlândia, que preferiram uma "terceira via", a social-democracia, uma espécie de capitalismo estatal em favor do "social").
O que se caminha para este país é o fim do contraditório. O PT está finalmente começando a atingir o seu objetivo, cooptando os patrimonialistas, oportunistas pmdebistas e a classe empresarial, este último, coitado, a mercê do dinheiro estatal. Estamos criando um Leviatã, um monstro estatizante, um reino monopolista com dinheiro capitalista capaz de sugar tudo, retirar do nosso individualismo, o livre pensar. Estamos transferimos todas as nossas crenças, tudo que acreditamos como indivíduos, para as mãos do Estado, do Partidão. A inversão de valores está a posto! Querem nos deixar confusos. Chamam-nos de elitistas, porém são mais elitistas que todos! Adoram o "Aerolula", charutos cubanos e tudo que é chique. Chamam-nos de fascistas, mas adoram ideias fascistas. Lembro que Lula admira Fidel e Chavez, dois dos governos mais fascistas da América do Sul.
Porém, nunca achei o PSDB como alternativa, mas via neste partido, mesmo sendo um partido esquerdista, social-democrata, mas com idéias governistas e econômicas mais realistas, a serviço do fenômeno moderno de desenvolvimento capitalista (apesar de ser tributarista ao excesso e adorar o juros alto), pois banhou-se um pouco com o verniz do liberalismo, sendo capaz de ter definido o Estado moderno brasileiro com o Plano Real e as privatizações (que deram certo!!!). O partido triunfante, logo em seguida, sem idéias concretas econômicas para apresentar de fato ao povo brasileiro (vide a Carta aos Brasileiros em 2002), teve que continuar o projeto e somente aprofundou as questões sociais, de crédito, moradia, etc.
Por causa de tudo isso, Dilma foi eleita. Só tenho medo de uma coisa que ninguém ainda prestou atenção, mas eu sim. Leiam e veriquem sobre o PNDH-3 e a PL22. Futuros projetos em votação. Aborto! A legalidade desta aberração é só o começo em 4 anos vindouros. Muita coisa vai mudar neste país. Nem olho o lado da economia, mas no campo moral, filosófico, ético e político. Nestas últimas questões que a revolução ptista triunfará de verdade. Só desejo sorte e muito trabalho pra todos nós brasileiros nestes anos vindouros de Dilma.

Lu_MCordeiro on 3 de novembro de 2010 às 01:03 disse...

Oi,Dil,concordo com o que vc escreveu.Foram mtos sonhos e mtas desilusões com o PT.As horríveis alianças,os abraços em escroques conhecidos como Sarney e Collor,as maiores falcatruas,mensalões,esquemão de Sto.André (quem matou Celso Daniel?),o esmagamento da classe média... Não votei em Dilma nem no Serra.Pela primeira vez anulei meu voto pq sei que junto com Dilma vai subir Dirceu,Palocci,Genoíno... uma cambada que já mostrou quem é e o que deseja:20 anos no poder.José Dirceu,o homem das mil caras e amiguinho dos Castro,disse há poucos dias que o Brasil será uma república sindicalista.Traduzindo:pelegos no governo ou ditadura do proletariado! De qualquer forma,esses viúvos do muro de Berlin apóiam regimes totalitários,então,não posso votar em qualquer um deles e Dilma é um deles.Estou seriamente apreensiva com o que possa acontecer com nossa liberdade. E o Serra... sem comentários.
Vamos observar e aguardar,torcendo para que meus temores não se concretizem.
bjossss

Dilberto L. Rosa on 3 de novembro de 2010 às 11:34 disse...

O que mais tenho medo, senhores, é, justamente, desta interminável "teoria do medo", disseminada desde a eleição de Lula (com tolices como os discursos ameaçadores de Regina Duarte e Beatriz Segal) - vindo até o Ciro Gomes quase a entrar nessa, com o famoso "O Lula vai queimar o Brasil" (felizmente ele cedeu e hoje trabalha junto!)!

Questões como "namoro com regimes fascistas de Fidel", "luxos do Aerolula e cia." e "fim das liberdades democráticas e de imprensa" já viraram jargões vazios no esvaziado universo de partidos que não têm substrato social para discutir macrossituações, como o é governar um Brasil de Nordestes x Sudestes, por exemplo! Afora alguns exageros com cartões corporativos e verbas públicas para parentes e afins, acaso um presidente vai andar num teco-teco?! Nunca vi, por exemplo, a imprensa tão combativa e dinâmica como agora, a dedicar capas e mais capas de revistas setorizadas para combater denúncias (e criar outras tantas também!), bem como um verdadeiro massacre de bombardeios contra quaisquer prenúncios de corrupção no Planalto! Cadê a ditadura? Cadê Fidel? Cadê o "queima-tudo", quando o País só cresce a olhos vistos no cenário internacional?!

Essas "teorias do medo" foram triplicadas agora com Serra, porque ele e seus asseclas FHCistas sequer se lembraram, em seu governo de 8 anos, de ver o lado social de erradicação da pobreza, unicamente criando o "bolsa-escola" como arremedo de "preocupação com o povo"... Acho muito mais abortivo um governo como aquele, de conchavos bem mais elaborados com a imprensa vigente, ao abafar inúmeras irregularidades e a vociferar que o Brasil melhorava "porque comia mais frango e tinha a inflação controlada com o Real, que estava dando certo" - trunfo de Itamar Franco em 1994, não de FHC, gerado neste plano!

Situações como aborto devem (e deverão) ser amplamente discutidas: a tolice de ficar-se repetindo "Olha o PNDH-3 e a PL22" ou "Olha o golpe" são, repito, vazias - acreditar que tais proposições de diretrizes sejam golpes tácitos é o mesmo que desconfiar das sólidas e seguras estruturas de nosso Estado Democrático de Direito e afirmar, infantilmente, que só um grupo saberia manter tais estruturas... Porém, independente de legalizar ou não aborto, drogas etc., é certo e sério que tapar os olhos para tais problemas é de uma hipocrisia atroz, como se o Estado fosse onipresente e, uma vez que sejam considerados crimes, posso dormir bem, porque tais práticas não acontecem! "São questões de saúde pública e, como tais, devem ser enfrentadas" - assim disse, mesmo gaguejando em sua falta de traquejo com a oratória, nossa presidenta, com quem concordo plenamente!

Os "teóricos do medo" deveriam mudar seus discursos em prol de um trabalho conjunto para o Brasil, ao invés de persistirem neste equivocado joguinho de ameaças veladas ao povo brasileiro - que, como diria a canção, "não tem medo de fumaça, ai, ai, e não se entrega, não..."

Jens on 3 de novembro de 2010 às 12:52 disse...

Recruta Jens apresentando-se, comandante Dilberto.
***
Uma das coisas que mais me faz rir é a argumentação da turma da direita de que estamos caminhando para "o fim do contraditório". Besteira. Nunca como agora exerceu-se o direito de contradizer o governo. Basta ler jornais e ver o noticiário da tevê - sem falar nos sites e blogs na web. O pau no governo é amplo, geral e irrestrito. Supõe-se que também seja um direito democrático o posicionamento favorável ao governo. Ou não? Quem não gosta do contraditório é o candidato derrotado, acostumado a pedir a cabeça de jornalistas que não rezam pela sua cartilha (no que foi prontamente atendido, ressalte-se).
***
Outra questão intrigante é o chororô acerca da alternância de poder. Queriam o quê? Que o PT não concorresse para o PSDB assumir o governo? Assim se concretizaria a tão almejada alternância? Então, talvez fosse o caso de abolir as eleições e instituir o rodízio presidencial: quatro anos para cada partido.
Como a alternância, a possibilidade de continuidade, de acordo com as regras constitucionais, faz parte do jogo democrático.
Só para atiçar o desespero das viúvas tucanas: em POA o ciclo do PT na Prefeitura durou 16 anos - mesmo com os latidos da imprensa e os rosnados da oposição parlamentar e empresarial.
***
Esse nhenhenhém sobre Fidel, Chavez e Aerolula, demonstra a falta de argumentos sólidos para contestar o governo. Basta comparar a realidade de Cuba e Venezuela com o Brasil. O pior cego é aquele que não quer ver.
As referências jocosas ao avião presidencial refletem apenas a inconformidade (ódio de classe?) de quem não aceita que um presidente vindo do operariado desempenhe a Presidência da República com a circunstância que o cargo merece. Para este tipo de gente, Lula deveria se deslocar em lombo de burro quando no território nacional e, nas viagens internacionais, na classe econômica - e já estaria mais do que bom para um pau de arara.
***
Em relação ao aborto, cabe esclarecer que não se trata de uma decisão unilateral do Poder Executivo, mas precisa ser aprovada pelo Congresso. Portanto, mais importante do que saber o que pensa a presidente é descobrir o posicionamento majoritário, sobre o assunto, no Poder Legislativo. Pessoalmente, sou a favor do aborto. Especialmente de algumas avaliações políticas estapafúrdias, que deviam ser extintas no nascedouro.
***
Por fim, a propagação da "teoria do medo" tem um objetivo sub-reptício: aplainar o caminho para um ansiado golpe de direita. Tentaram com Lula e vão tentar com Dilma. Mas, como disse La Pasionaria: Não passarão!

Um abraço.

Ricardo Campos disse...

Teoria do medo? Golpe da direita? Coalizão única e em conjunto a favor do Brasil Vamos em partes:

1) Regina Duarte não estava totalmente errada em 2002. Lembro que o mercado estava em polvorosa na eleição de Lula. Ainda naquela época o PT tinha posições radicais e retrógadas (ainda tem, só não velho à tona ainda totalmente). O PT começou a mudar com a Carta ao Povo Brasileiro. Finalmente algumas de suas idéias radicais se amenizaram (preservação dos contratos, manutenção das privatizações, da política econômica, respeito à Constituição, etc.). O partido se tornou mais social-democrata do que propriamente socialista-marxista. Com isso, o partido finalmente se entregou as idéias tucanas (em parte) já aplicadas em 94. Lula, enfim, chegou ao poder. Mas porque somente o partido mudou durante as eleições por força da pressão do mercado, da classe média e da elite.
Na questão da campanha difamatória propalada pelos ptistas em relação ao comportamento do PSDB contra Dilma, dá vontade de rir. Se nós formos analisar a Dilma de 2007, as suas opiniões sobre aborto, ditadura, casamento gay, etc, observamos que o PT no fundo sempre quis esconder dos brasileiros o que ela pensava realmente (muitos videos dela e entrevistas dela foram censurados e só encontrados na internet - a maioria autênticos). Quando ela foi desmascarada, criou-se um movimento conservador que foi capaz de mudar o voto de muita gente (graças a Deus, ainda o povo brasileiro é conservador, apesar de tudo!). No segundo turno, a candidata adotou uma postura marqueteira, dizendo-se em favor da vida.
Devemos pensar a Dilma como uma presidente dentro de um projeto de poder. Ela representa ideaiss de toda a esquerda. Todos os projetos sobre aborto, casamento gay, desapropriação de terras, controle da imprensa, fazem parte da cartilha esquerdista há muito tempo. O governo tem a maioria no Senado e no Congresso. Basta um Mensalão 2 para convencer a aliança espúria de Dilma a votar a favor de tais idéias esquerdistas. A nossa salvação pode ser o Poder Judiciário. Se caso este não se deixar dominar por ideologismos e fazer simplesmente cumprir a lei a favor do Estado Democrático de Direito.~
Outros pontos assinalados que citei na introdução deste comentário poderei discorrer em outra oportunidade, se assim for permitido neste espaço. Até mais!

Dilberto L. Rosa on 4 de novembro de 2010 às 00:37 disse...

Não... Chega, Ricardo! Isso já ficou chato! Ainda bem que você ficou "só" na parte 1... Difícil agüentar o "Número 2)"!

Jens on 4 de novembro de 2010 às 14:14 disse...

Camarada Dilberto:
viste as manifestações racistas, na web, da elite ultraconservadora contra os nordestinos? Este ódio é o legado de José Serra e seus asseclas, esses luminares da pátria.
O terceiro turno começou. Estou com medo destes insanos e golpistas.

Um abraço.

j.nunessilva@gmail.com

Cris on 5 de novembro de 2010 às 17:43 disse...

Oi, Dilberto,

Uma grata surpresa tua visita. Sempre te vejo na Toca do Jens e admiro teu humor ( e seriedade também) inteligentes.
Nunca haverá consenso nessa "guerra", Dilberto . Se a unanimidade é burra , a bipolaridade também é...nossa, parece que estou falando em psiquiatria, mas, não deixa de ser, não?

Beijão.

cineboy on 14 de novembro de 2010 às 04:52 disse...

Dilberto vi e li o comentário do Ricardo. Defendo o sujeito ser conservador até o osso e talvez até um preconceituoso, mas eca!! Ricardo me enojou e se mostrou um idiota, sinto muito! Acreditar na campanha midiática nociva de Serra nessa eleição e detonar Dilma, os socialistas e liberais de esquerda foi de uma infantilidade que eu não esperava. Ele, Ricardo é a regra do clássico esquerdista ressentido, tal qual tantos vistos nos últimos tempos, Arnaldo Jabor e Hélio Bicudo são exemplos. Isso é triste e ainda usar palavras sobre religião, deus, amor para defender um pensamento retrógrado é dose! Eu conheci muitos assim no Rio, porém somente em velhos reacionários maranhenses preconceituosos percebi tais idéias por demais enterradas para o século 21. Repito triste. Abraços meu amigo, mas Ricardo tô fora!

 

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