domingo, 31 de outubro de 2010

Dia das Bruxas sem Vampiro...

Porque esta ainda é uma nação que não se deixa dominar pelo medo ou pelo terror...

"Lula-lá, brilha uma estrela/ Lula-lá, cresce a esperança..." Cresci democraticamente com o PT: em 89, quando já me entendia politicamente como gente, fiz trabalho de equipe na matéria de EMC sobre o então candidato Roberto Freire, mas, no fundo, queria ter feito mesmo sobre aquele líder metalúrgico que, com o apoio de uma nação de artistas que já admirava – e que imortalizaram um dos 'jingles' mais bonitos da nossa história política –, poderia ser o senhor de uma virada política histórica, ao ser o primeiro presidente operário/socialista de um País então saído de um sujo e ridículo "governo de abertura democrática" do Sarney (1985/1990) e de uma ditadura militar de mais de vinte anos...

Com o apoio da ditadura da Globo, a imagem de Collor foi alçada ao cargo máximo da nação até a sua derrocada, com enrustidos caras pintadas maquiando o que nem a emissora do plim-plim queria mais: veio Itamar, num ótimo mini-governo de transição, e, com ele, as crias que tornariam o futuro do Brasil numa rinha de galos bicolores...

Com Itamar e com o Real, uma das nossas maiores conquistas recentes (o que provou que só faltava iniciativa política para controlarmos a inflação), veio a cria FHC, o sociólogo plantado para ser presidente e que, além de querer esquecer tudo o que havia escrito antes da posse como mandatário máximo da Nação, também esqueceu Itamar e se coroou o rei de um Brasil sem monarquia: esbanjou dinheiro público e voou como trator com seu Serjão-móvel por sobre bandalheiras (SIVAM, pasta rosa, BNDEs, Vale, precatórios), compras de votos para a reeleição (nossa pior "conquista"!), pífias e sucateadas privatizações, pior época para a Educação e para o funcionalismo público... A coisa foi tão feia que, mesmo reeleito e com a máquina nas mãos, não conseguiu fazer seu sucessor, o Vampiro de São Paulo, José Serra!

Não, o momento não é de retrospectiva histórica para uma conclusão a favor do PT ou da “histórica eleição da primeira presidenta do Brasil” – até porque temos no Maranhão a “primeira governadora do Brasil” e olha onde estamos (sexo, na Política, não quer dizer nada!)! Apesar de nunca ter sido partidário, era um defensor do PT e de outros partidos ditos de esquerda e com eles evoluí dos argumentos duros, enfurecidos e amadores de outras épocas e fui vendo, junto com eles, que muitas concessões precisavam ser feitas em nome de uma boa governabilidade. Entretanto, mesmo com os inegáveis avanços econômicos e sociais do ótimo governo Lula (no ensino profissionalizante e com maiores investimentos na Educação; PAC 1; políticas de incentivo à construção civil; aberturas de créditos populares e setorização de distribuições de renda; Minha Casa,Minha Vida; contenção de impostos para controle da crise...), não deu para engolir ver o PT de tantos combates ligar-se a tantos esquemas de corrupção, fisiologismos, nepotismos e alianças espúrias – mais duro que ter visto Lula pedindo votos para a ‘famiglia’ Sarney todo dia aqui no Maranhão, em outubro, foi ver o Bigodudo Imortal abraçando a então anunciada eleita presidenta, agora à noite, em Brasília...

Nem preciso dizer que aposentei a estrelinha do peito e hoje, quando me perguntavam sobre meu voto, dizia simplesmente que anularia... No fundo, ainda não estava muito certo... Apesar do primeiro turno “verde” (mais por uma ideologia falida que por realmente acreditar no “fenômeno esvaziado” Marina), vesti uma camisa vermelha, como sempre fazia nas outras eleições (uma representação romanticamente platônica, eu sei – o socialismo/comunismo naufragou em governos ditatorialmente autocráticos e sucateados), só que agora com um diferencial no peito: uma grande e estampada gravura à anos 80 do Barney Rubble dos Flintstones, em homenagem à minha doce Isabela, que foi junto... Bem, se ainda “não estava muito certo” quanto à anulação, certifiquei-me ao ver, abaixo do retrato da Dilma, o rostinho do Michel Temmer na máquina, nata do PMDB, partido que “está sempre do lado certo” (ou seja, o do poder), concluindo que "00" seria uma melhor opção que 13...

Sim, abstive-me por trás de um voto nulo, até vir uma terceira via lúcida e preparada para nos tirar de um continuísmo petista ou de um retrocesso em trazer aqueles tucanos do inferno ao poder... Jamais votaria no PSDB, partido que nem oposição séria foi (muitos de lá até discutiram a possibilidade de logo fundirem-se tucanos e petistas, tamanha a “adesão” pessedebista aos esquemões do poder) – e, a julgar pela mais tola, retrógrada e ridícula “campanha apócrifa” já feita na história deste País (com calúnias via 'internet' sobre a “terrorista com metralhadora, mulher-macho adoradora de Fidel com charutão na boca e matadora de criancinhas” Dilma, dentre outros absurdos), jamais o será – e ainda mais esvaziado que o PT recente em termos de programas de governo (Serra só faltou registrar em cartório que levaria o Mar para Minas!)! Mas, por outro lado, não conseguiria votar na continuidade de um grupo que, para o bem e para o mal, já ocupa 8 anos no poder e já não é mais um pobre partidinho de esquerda que sonha em conquistar alguma coisa, tamanho o seu alcance (e seus sujos “aliados”) em vários vértices do País...

Concordo com o Chico: Dilma é preparada e inteligentíssima! Concordo que sua oratória era pobre e que lhe faltavam os traquejos do jogo político dos palanques, mas isso não fazia dela uma “desmiolada”, uma “despreparada”, como queriam as frotas fascistas/elitistas paulistas do Serra: em termos de gestão, Dilma não ficou atrás de máfias de genéricos para se auto-intitular a “melhor ministra”! Pelo contrário: foi das que mais trabalharam com o Presidente, o que lhe rendeu os epítetos nada corteses de “durona” e “sargentão”... Mais meritório ainda ver alguém que lutou contra a ditadura na linha de frente de uma democracia ampla e irrestrita (apesar das várias e infudadas acusações em contrário...)! Agora é fiscalizar e lutar junto por dias melhores para um Brasil que ainda precisa de muita política pública para ficar de pé sozinho e, de uma vez por todas, livre de cânceres congênitos...


Concordo ainda com o dito pelo “fenômeno” Lula: “Serra sai menor desta eleição” – não só ele, como todo o PSDB que, se se confirmarem as previsões autofágicas dos cientistas políticos, vai se implodir sem bandeira ou identidade logo, logo, entre a Ipiranga e a Avenida São João! Será que deu para aprender que bolinha de papel dói menos do que lutar para ser o “Zé” popular, que "veio de baixo" e que “lutou contra a Ditadura" correndo para o Chile?! Fico aqui a relembrar seu ‘jingle’, separado de mais de 20 anos daquele clássico citado no início desta crônica: “Quando se conhece bem uma pessoa, logo se sabe que é gente boa/ com Serra essa certeza a gente tem, o Serra é do bem, o Serra do bem”... Seria medo de levarem a sério que ele era mesmo um vampiro tupiniquim, pronto para fazer o mal, ou seria para contrabalancear o número de “maldades abortivas” da “Dilma do Mal”? Não dá para saber... Mas, depois que santas negras foram levadas para o altar por um ex-ateu e que até o Papa foi convocado para dar uma fezinha nas escolhas de um Estado laico, só fico com um conclusão: nunca mais na história desse País haverá tempos – e ‘jingles’ geniais e cheios de esperança – como aqueles do fim de minha infância...

sábado, 23 de outubro de 2010

Dilena e O Rei

Música, maestro: afinal, dois aniversários reais num só dia não acontecem sempre...


Não. Não se trata de uma quarta versão para o Cinema da rica história da professora inglesa Anna Leonowens contratada para ensinar os filhos do Rei Mongkut do Sião. Tampouco narrarei um inusitado encontro entre minha mãe Dilena e algum rei por ela encantado. Na verdade, pela única e simples coincidência de data entre dois nascimentos tão distintos é que me inspirei para tecer esta muito breve (porém com pretensos ares de majestade) croniqueta...

Tome o exemplo de Edison Arantes do Nascimento, que também são dois: vindo de Três Corações, ele também é Pelé, negro retinto que primeiro derramou verde e amarelo pelas frias imagens em preto e branco do futebol, convertendo o esporte bretão em arte conceitual, iluminando todo um mundo de corações que acompanharam estupefatos suas 1284 pinceladas para dentro do gol. Rei de seu Esporte e rei brasileiro no mundo (posição esta de que quase fora destronado recentemente por Lula, "O Cara"), Deus do Santos, mas de alma vascaína (adorou quando criança, vestiu a camisa, mas marcou contra ao pisar a cruz com seu milésimo gol...) e carrasco dos corintianos, Pelé deu aula para os Estados Unidos de como se joga com bola redonda e ainda foi rei no continente de suas raízes, ao cessar uma guerra num Congo Belga que parou de matar para vê-lo jogar... Recuso-me a falar do Edison, aquele cara sem muita ginga com os negócios, a vida pessoal ou a cantoria: só falo da divindade dos VTs eternos, onde o "sublime crioulo" encantou criancinhas, que envelheceriam sonhando serem jogadores de Futebol... E, mesmo sem muito drible diante dos microfones, o Rei disse "love, love, love" ao se despedir de seu amor maior... Hoje, aos 70 anos, diz que, "sem o amor das crianças, o futebol morrerá"! Um sábio, sem dúvida! Parabéns e vida longa ao Rei!

Logicamente que uma data tão especial não poderia ficar sem sua porção-mulher! Por isso, a despeito de ter sido ela ao longo da vida uma linda normalista/dona de casa (e, tal como a Anna, também minha "professora particular" em meus deveres), neste 23 de outubro outra "majestade" faz aniversário: minha Rainha-Mãe Dilena L. Rosa diz ao mundo que fica, porque guerreira por tantas décadas (sem, claro, jamais revelar seu número - rainhas não têm idade...) e vencedora de tantas batalhas! Decerto que muitos citadinos do mundo não a conhecem (ainda...), mas, dentre os súditos de seu pequeno Reino, todos a admiram pela justiça, honestidade e sinceridade de suas decisões e no trato com sua administração. E, se não têm pão, que comam bolos, oras: o negócio é tentar se divertir e aprender um pouco na lucidez e na loucura de cada dia... Se for ao lado dela - com seu jeito didático de explicar diversas vezes cada linha de seus argumentos, com sua verve para as mais diversas e belas prendas artísticas, sua emoção à flor da pele e sua beleza exótica de rainha egípcia -, fica bem mais fácil querer ser (e tornar-se) alguém melhor...

Num País sem memória e sem monarcas há um bom tempo, nada melhor que louvar por saúde e felicidades a pessoas que, em reinados distantes ou logo ali perto do seu bairro, fazem do mundo um lugar mais majestosamente belo e rico...

Rei Pelé e coroa montada; Rainha-Mãe e Lord de Vila Bessa passeando em seu palácio de veraneio: felizes aniversários, Pelé, Mamãe Dilena e, sem jamais esquecer meu querido Papai Carlito, que também aniversariou recentemente, no último dia 21 - data que o Camisa 10 nasceu realmente, vindo a ser registrado somente no dia 23...

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Para Isabela,
Meu mundo de cores vivas...

Porque criança tem que ser criança e cheia de vida e de cor! Que Deus abençoe estes pezinhos em tua longa caminhada neste mundo tão adulto e cinzento...

Minha filha é linda e tem na pele e no sorriso uma fascinante mistura de cores e significados, nunca deixando ninguém em casa triste ou sequer chateado com qualquer agrura do dia-a-dia: basta um olhar fixo com seus olhinhos redondos e de cílios longos para que todo o cinza se esvaneça e mil cores surjam... Neste dia a ela dedicado, afaguei-lhe o corpinho roliço e os cabelos lisinhos e lhe desejei bom dia no berço, em meio aos seus gritinhos eufóricos, como faço toda manhã! Mas hoje, de alguma forma, foi diferente: roguei não só por ela, como também por todas as crianças, ricas e pobres, felizes ou tristes, abandonadas ou achadas num seio de uma família qualquer... Porque crianças são tantas e há sempre tanto a fazer por elas, que chega a ser ridículo discutir qualquer macropolítica que não passe antes pelo desenvolvimento mínimo destes seres pequeninos...

Sempre me vi como pai, mas nunca poderia prever a magia de ter uma criança a modificar cada segundo do meu dia, cada pensamento e cada visão... E sempre desejei escrever para ela, em particular, e para todas as crianças, a desestruturar minha visão poética byroniana de mundo: até lhe ensaiei uns versinhos que não alçaram ser um poema, mas, de concreto, proseei-lhe um conto às antigas, que, em breve, torno a dele falar por aqui... Por ora, desejo a todas as crianças, de todas as idades (dos 4 meses de Isabela aos 83 de minha avó Marieta, que conserva acesa sua criança em seu coração, com uma sempre engraçada e animada forma de conversar), um especial e feliz Dia das Crianças!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Império Contra-Ataca...

Qualquer coincidência é mera semelhança...

Política é renovação: pelo menos, deveria ser assim! Porém, infelizmente, muitos dos nossos "cidadãos" ainda envolvem um sentimentalismo piegas latino-americano ou algo que o valha na hora de votar e elegem candidatos apenas por apreço pessoal, piedade econômico-financeira ou puro protesto... Assim, se por um lado os eleitores, de um modo geral, prestaram um serviço à Nação, não deixando grandes nomes equivocados dos últimos tempos voltarem ao poder, como Fernando Collor, Tasso Jereissati, Heráclito Fortes, Mão-Santa e mesmo José Genoíno e Marco Maciel, bem como impedindo novas e perigosas crias alcançarem um mandato eletivo, como o cantor Netinho de Paula para o Senado, foi prestado um verdadeiro desserviço geral quando ainda uma grande parcela do eleitorado (especialmente o paulista, capaz de já ter levado Clodovil e Frank Aguiar para Brasília) conseguiu eleger, acima de todos os absurdos anteriores, Maluf (procurado pela Interpol e com candidatura pendente de recursos jurídicos) e Tiririca - "porque pior do que 'tá, não fica!"...

Pode ficar, sim, doutor... E muito! Porque nada é pior que ser governado por quase 45 anos por um mesmo grupo político (à exceção do período 2006/2009, em que José Reinaldo Tavares rompeu com seu "padrinho" e fez seu sucessor, o eterno ex-prefeito Jackson Lago, cassado no TSE)! E quem é mais acostumado ao uso indiscriminado da máquina administrativa do que um grupo familiar que estende seus tentáculos entre patrimônios bilionários (império que inclui empresas de TV, rádio, jornal, imóveis etc.) e ramificações no setor energético e poder Judiciário?! Pois que, só com os escândalos escancarados de envolvimentos espúrios com o Banco Santos, a empresa Lúnus, jatinhos cheios de dinheiro na eleição de 2002, os recentes atos secretos no Senado e as tramóias empresariais do filhão Fernando Sarney (denunciadas pelo Estadão e abafadas pela Justiça), juntamente ao injustificado aumento só de sua renda declarada diante de um dos Estados mais atrasados em IDH da Federação, já haveria material mais que suficiente para banir toda esta 'famiglia' do Poder, não é mesmo? Ainda assim, com todo este quadro negro diante das vistas, Roseana Sarney reelegeu-se mais uma vez (sim, só ela já governa mais de 8 anos, somando-se o seu "retorno pelo Judiciário" ao poder!) no primeiro turno nas eleições do último domingo!

Nem falo dos abusos cometidos em escala federal, com Lula praticamente abandonando o Alvorada para ser cabo eleitoral de luxo de Dilma (ou seria candidato? Sem falar no papelão de aqui pedir votos para Roseana, Lobão e João Alberto e, no Amapá, o ex-governador Waldez Goes, também aliado de Sarney): nada encontra paralelo com um feudo ocupado há tanto tempo por um grupo de pessoas que confundem coisa pública com privada - "Não se tira a nuvem lá do céu/ Não se separa a abelha do seu mel/(...) Não se pode separar, não, não" bradava o 'jingle' da equipe de Duda Mendonça para a Governadora: em outras palavras, o Maranhão é deles! E, assim, segue a pergunta que não quer calar: quando nos livraremos do Império do Mal no Maranhão? De acordo com Flávio Dino, ex-juiz federal e candidato ao Governo pelo PCdoB que quase levou a disputa para o segundo turno, com 29,49% dos votos: "Esta será a última vitória da Oligarquia no Maranhão!"... Será? O Imperador já dá sinais de cansaço, recentemente quase embarcando dessa para uma melhor (especialmente para o Maranhão!), tamanho o cansaço de tantas alianças e banquetes com prefeitos e lideranças do interior - e isso pode prenunciar o fim de uma era... O mais assustador de tudo é saber que Roseana venceu na Capital, São Luís: nossa "Ilha Rebelde", sem dúvida, parece ter sido carreada para o lado negro da Força...


Mesmo combalidos e poucos, os rebeldes não desistem nunca de ver uma luz no horizonte, nem que seja numa galáxia ainda distante... "Ter fé você precisa, jovem maranhense..."
 

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