terça-feira, 5 de abril de 2011

Futebol


Eles se acham: "número um" para o alto e pose de humilde; cabeça baixa, mas topete pra cima, com crista e marra pra dar e vender (e olha que o Ganso é melhor!)...
O Passado e o Futuro: como igualar essa difícil equação?

Enquanto a gorda "humildade" de Ronaldo, pouco antes de sair aposentado, fez com que ele se colocasse, em entrevistas, como "depois de Pelé, o segundo melhor... o segundo ou o terceiro melhor" em sua posição - mas... e quanto a Leônidas da Silva, Friedenreich, Zizinho, Ademir de Menezes, Jairzinho... -, recentemente o craque em ascensão Neymar se comparou a ninguém menos que... Garrincha! Tudo bem, quis enfatizar a comparação no "jeito moleque de jogar", mas... O que anda rolando na "inocente" cabecinha destes boleiros de hoje que, seja por terem ganho (merecidamente) alguns títulos, seja por mal terem saído dos juniores com láureas e... já se acham os novos deuses do Olimpo do Futebol?!

Tento colocar o talento futebolístico da seguinte forma: não tem essa de "eram outros tempos, Futebol era diferente, mais lento e..." blá, blá, blá! O que acontece é que, em qualquer arte - e o esporte bretão pode facilmente se encaixar neste conceito, dada a orquestração digna de um balé nas suas melhores jogadas -, destacam-se pessoas nas mais diferentes épocas por seu pioneirismo, sendo que algumas fixam tais inovações de maneira perpétua... Assim se deu com Pelé e Garrincha, deuses maiores de meu Panteão da Bola: melhor dizendo, pelo conjunto da obra e pela soma de qualidades técnicas (e numa melhor visualição "religiosa", adaptada para um País monoteísta como o nosso), Pelé seria Deus e Garrincha, um anjo (como perfeitamente o personificou Nelson Rodrigues, o "Anjo das Pernas Tortas") - diria mais: O anjo, aquele bam-bam-bam, maioral, dos arcanjos aos querubins e... Opa... Ele mesmo: aquele que achava que era o dono da luz e virou o "coisa-ruim", o capiroto... Garrincha era o próprio "Anjo Caído", o "Demônio da Copa" (como foi apelidado em 58), verdadeiro Diabo, com suas jogadas infernais e seus dribles desconcertantes!

Triste e medíocre uma sociedade sem memória, que basta um qualquer dar duas pedaladinhas para que a imprensa "do ramo" e o próprio jogador se ache um rei... Rei só teve um, e príncipe, vocês já sabem minha opinião: Garrincha era o legítimo "príncipe das trevas" da bola! E, ao lado de outros semi-deuses do Panteão, como Leônidas, Gerson, Tostão, Gilmar, Canhoteiro, Didi, Vavá, Djalma Santos, Domingos da Guia, Nílton Santos, etc. e etc., são sagrados! E, como qualquer comparação com o sagrado é, no mínimo, profana, sacrilégio esses "novos ídolos" de massa se acharem qualquer coisa grandiosa depois de ver uns videozinhos do YouTube: vão fazer a lição de casa antes!

Mas Futebol é mesmo isso: Paixão! E não há como falar neste Esporte-Maior sem uma boa polêmica ou sem um bom marrentinho...


Nunca mais haverá um Pelé ou um Garrincha... Abaixo, o blogueiro de plantão lê meu poema sobre o esporte maior do nosso País; ao lado, sem música em Play it again, Sam: morreu o ex-governador Jackson Lago, um craque no meio da suja politicagem do Maranhão...

Futebol

A bola é redonda, tem dois lados
e rola pra lá e pra cá
entre o pé descalço, de calos e joanetes
do time de meninos que não estuda
nem tem futuro,
e a chuteira dourada
do time dos garotos-propaganda
multimilionários e sem passado...
De juiz, um frustrado sem mãe
e sem talento para jogar...
De técnico, todos nós em rouco uníssono...
E, na reserva, milhões de garotos em fumaça de ilusão...
Na arquibancada, um poeta apático e silencioso
que nunca foi muito de jogar,
mas que se perde na ilusão apoplética
de uma bicicleta de cor negra de um diamante bruto e imortal,
nas pernas tortas de um cafuzo que se acaba como um menino sem juízo
e num rei absoluto com tantos súditos e tantos corações...

O mundo é uma bola
e meu coração rola pra lá e pra cá
esperando apenas o momento mágico de ser chutado a gol
como uma bola de meia certeira no cantinho onde a coruja dorme,
indefensável para qualquer goal keeper perdido no tempo
dos últimos segundos dos 45 do segundo tempo...

(Dilberto L. Rosa, 2005)
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16 comentários:

Virginia Diniz on 5 de abril de 2011 às 00:36 disse...

Ai ai, uma mulher falando de futebol. Se errar o chute, perdoe-me, sou uma esportista amadora. Não tanto por não saber nada, mas por amar ver esse povo correndo de lá pra cá no campo, na ansia de colocar a bola no gol e uma platéia de centenas de pessoas frenéticas na espectativa de gritarem a qualquer momento: "Gooooooolllllllll", "É do......".rs. Enfim, eu decidi que torcia pelo Flamengo aos 5 anos, quando fui obrigada a aceitar a definição de que "FlaxFlu" era um jogo e não um time. E só entendi o motivo que torcia pelo Flamengo e não pelo Moto aos 28 anos, quando foi resolvido pra mim a explicação existencial do funcioinamento do Brasileirão :-) Entendeu, é muita audácia de minha parte dizer que gosto de futebol, mesmo não sabendo o que é um "impedimento", mas nada impede que goste, mesmo assim. Então, isso tudo é pra dizer que estou feliz por ser a primeira a postar comentário neste seu post. E para dizer "Eu voltei, voltei para ficar...". Abraços, Deus abençoe, Fantástica Vi.

Dulce Miller on 5 de abril de 2011 às 05:08 disse...

Futebol e política, meu amigo relicário... acho que nestas horas da madrugada não me vejo apta a comentar sobre tais assuntos rsrs já houve um tempo em que eu "vestia a camiseta" em todos os sentidos, menos na religião. Era filiada a um partido político, ia a passeatas, distribuia panfletos, ia a comícios e gritava muito pelo que eu ACREDITAVA. Hoje em dia? Tudo pra mim é politicagem. TUDO. Acho que a vida e as relações interpessoais se resumem a isto. E politicagem é uma palavra que não tem sonoridade alguma pra mim, é feia, não gosto e faz mal. O que não tem nada a ver com teus textos (este e o abaixo)é que sentei aqui (morcegando) e os dedos começaram a digitar sem parar. Acho que é a melhor hora pra escrever, não é? De madrugada, silêncio total na rua e música boa nos ouvidos (nos fones pra não acordar o filhote que dorme feito anjo).

É isto, só vim dizer que tô aqui, que te leio sempre que posso porque tu escreves com paixão, sem politicagem. Eu gosto disso.

Beijos n'alma!

Игорь on 5 de abril de 2011 às 12:58 disse...

Olá Dilberto !

A machina de propaganda cria Deuses muito rapidamente , por outro lado , os destrói e os consome. Deuses de ou DO consumo ,quiçá para consumo .

Bolas de 02 lados, sacada genial .

abraços

Lulu on 6 de abril de 2011 às 23:05 disse...

Dilberto, vejo que a cada ano a mídia tenta fazer de um jogador um novo heroi. Não podemos comparar o talento de Garrincha, Pelé, Romário, Ronaldo FenÔmeno. Cada um tem seu potencial e seu valor.
Big Beijos

ANTONIO NAHUD on 6 de abril de 2011 às 23:16 disse...

É a famosa falta de memória brasileira...

www.ofalcaomaltes.blogspot.com

Miguel S. G. Chammas on 7 de abril de 2011 às 13:34 disse...

Dilberto amigo, eis-me aqui a ler sobre futebol que, diga-se de passagem, muito me agrada.
Então, do alto de minhas décadas de vida, portando com elegância e dignidade, o alviverde (hoje não tão alvi e nem tão verde) uniforme esmeraldino, posso afirmar ter visto desfilar pelos gramados paulistanos, grandes craques tais como Ademir da Guia, Tupãzinho, Jair da Rosa Pinto, Valdemar Fiume, Waldemar Carabina, Dudu, Romeiro, Ivair, Evair e, tantos e tantos outros, que este espaço não seria suficiente para nomeá-los todos.
Mas, rei, de verdade, ninguém mais do que o Sr. Edson Arantes do Nascimento, vulgarmente conhecido por Pelé.
Esse me fez vibrar sem ser Santista.
Valeu amigo!

Miguel S. G. Chammas on 7 de abril de 2011 às 19:36 disse...

ET - Novas memórias de botequim estão postadas lá no meu cantino de rabiscos.

Jota Effe Esse on 7 de abril de 2011 às 21:47 disse...

Por mais que a mídia tente endeusar esses boleiros de hoje, eles jamais serão dignos sequer de aparecer na sombra de um Pelé ou de um Garrincha. Nem que o Bundão Bueno se rasque todo na tentativa colocá-los nos pedestal da fama. Meu abraço.

Jurandy Rocha disse...

Belo poema síntese da discussão social dos deuses do futebol! E que Deus cuide bem do Governador Jackson Lago, já que o Maranhão não cuidou!

Jandira Helena Rosa disse...

Ídolos milionários do futebol surgem a todo instante e por causa dessa mídia cada vez mais globalizada, eles se acham! E como mesmo disseste, nossa sociedade, cada vez mais triste e medícocre, endeusa esses craques da bola muito além do que realmente merecem.

Quanto ao nosso governador deposto pelas "togas amigas", nós maranhenses só podemos mesmo é lamentar e muito!Jamais esquecerei o pesadelo da volta da Branca em 2009 e o nosso governador eleito pelo povo sendo renegado pelo TSE...

Ah, e o poema é lindo e no ritmo cadenciado da bola! Mas ainda acho que ficou ofuscado publicado junto ao texto sobre os deuses do futebol...

Beijo grande, meu craque!

Loba on 8 de abril de 2011 às 17:05 disse...

No país do futebol, mitos são criados da noite pro dia e estes mito se enchem de orgulho e, mal saídos da adolescência, já se sentem reis. culpa deles? nem tanto. culpa da mídia, dos torcedores, dos dirigentes? culpa nossa que precisamos de ídolos para preencher a chatice do nosso domingo?
não sei de respostas. sei que gostei demais de alguns versos. quis copiá-los pra colocar aqui, mas vc não deixa. então fica com meus beijos. e não espere que seu coração seja chutado a gol. leve-o, entregue-o e deixe rolar o amor! rs...

Ruby on 10 de abril de 2011 às 11:36 disse...

Xiii, Dilberto, de futebol eu nada entendo. Não gosto. Só sei que os jogadores (famosos) ganham muito e se metem em escândalos sexuais. Mas sei que não se faz mais jogadores como Pelé e Garrincha. O mundo é uma bola que rá murchando, você viu as fotos feias do formato?

Anônimo disse...

São 6h50. Encontrei um tempinho para visitar seu blog pela segunda vez. Você está indo pelo caminho certo: a variedade de assuntos. Grande abraço, amigo.

Roberto Kenard

Jens on 13 de abril de 2011 às 18:50 disse...

Oi Dilberto.
Você tem razão: hoje em dia, basta o cara dar duas pedaladas para ser elevado à condição de craque incontestável. Na verdade, não raramente tais louvações escondem (às vezes nem tanto) interesses financeiros. Vai longe o tempo do romantismo no futebol. Hoje o que comanda o espetáculo são, sobretudo, os negócios. Mesmo assim, o mundo da bola não perde o dom de mexer com as nossas emoções. Inclusive estimulando a inspiração de bons poetas como você.

Um abraço.

ANTONIO NAHUD on 14 de abril de 2011 às 21:41 disse...

Olá, Dilberto, por onde andas?
Estou com novidades. Apareça.
Abração,

www.ofalcaomaltes.blogspot.com

Duarte on 24 de abril de 2011 às 14:26 disse...

Não sei, vai ser muito difícil. Pelé o mais grande de todos os tempos. Garrincha corria sem parar. Mesmo muito grandes!
Um defesa, ainda que se vêem menos, Roberto Carlos... como corre este homem pelas bandas!... Que chutos!

Boa Páscoa e um abraço

 

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