segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Beelzebub has a devil put aside for me
for me
for me...


Enquanto ainda peno pelos meus pecados ("Deus não só joga dados, como, enquanto isso, o diabo chacoalha a mesa"), tento, quase que aturdidamente em meio a um dia cheio, espairecer com uma divertida cena de um filme igualmente divertido...

O filme em questão é Quanto mais idiota melhor, infeliz título em Português para o inteligente besteirol Wayne's World, cuja tradução mais adequada seria "O Mundo de Wayne", nome do independente programa televisivo de garagem que os protagonistas Wayne e Garth apresentam no filme (e homônimo, por sua vez, do quadro fixo do então excelente Saturday Night Live, também interpretado pelos comediantes Dana Carvey e Mike Meyers - o eterno Austin Powers e a voz do Shreck): nesta "clássica" comédia do início dos anos 90, dois amigos viram sensação com suas loucuras debochadas num programa caseiro de TV, em meio a diálogos divertidos (com a câmera e entre si) e a inúmeras e deliciosas referências 'pop' - como a já famosa sequência dos amigos ouvindo (e interpretando) um clássico do Queen.

A música em questão é a mundialmente conhecida Bohemian Rhapsody, genial composição do saudoso Freddie Mercury e ápice do famoso "rock arte" do grupo inglês Queen, com sua sempre imbatível criatividade comercial que, em 1975, lançou esta pérola, verdadeira colcha de retalhos filosófica, que, dentre outras coisas, vai da alegoria da caverna de Platão, com seu "personagem principal" que tenta sair de um mundo de aparências, mas é constantemente tragado por ele ("nothing really matters to me") até referências a Deus e ao Diabo - ah, o Diabo, este verdadeiro mecenas do rock...

Para alguns, um clássico do rock progressivo; para muitos, uma legítima ópera rock com todas as suas idas e vindas melódicas em torno de seu protagonista épico; para outros, apenas uma incursão engraçadinha na esteira conceitual do rock dos anos 70. De qualquer forma, não há como negar que este vigoroso exercício de estilo (em seus quase 6 minutos, não há um refrão nas seis sessões ao longo dos mais variados subgêneros musicais nele incluídos) ainda pulsa forte quando toca até hoje e marcou época com seu clássico videoclipe (confira-o, na íntegra, clicando ao lado, na secção "Play it again, Sam"). Não por acaso, acabou por tornar-se também clássica a sequência da comédia em que os hilários amigos Wayne e Garth (e mais três companheiros) se divertem ao som de Bohemian Rhapsody: um pequeno momento antológico do Cinema 'pop'... Tivessem repetido esta cena no lugar dos bobos bigodões da campanha do Fox Rock in Rio e o comercial seria bem melhor!

"Belzebu tem um diabo reservado pra mim, pra mim, pra mim..." - gritam em uníssono, em carto momento da canção, Brian May, Roger Taylor, John Deacon e Freddie Mercury, na eternamente rebelde citação ao capiroto do universo do rok. E, ao final de um dia cinzento sem maiores conquistas entre tantas coisas para as quais faltou tão pouco para darem certo (os tais dados jogados a esmo...), aumento o som do carro na volta do trabalho pra casa que isso aí é rock'n roll! E fico a me indagar: afinal, o que seria destes dias cinzentos, das igrejas pentecostais e do rock sem o diabo?
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9 comentários:

Viviana Ruiz on 19 de outubro de 2011 às 14:28 disse...

HUmmmmm... um filminho como este nesta tarde, hein...
hihihihihihi

Souza disse...

E viva o Queen! E viva teu ótimo texto! E, mesmo não gostando muito dele, viva o Mike Meyers, muito bom esse filme!

ANTONIO NAHUD on 20 de outubro de 2011 às 13:10 disse...

Não conheço essa comédia, Dilberto. Mas também não é um gênero que aprecio demasiado ...

O Falcão Maltês

Érica Colaço on 20 de outubro de 2011 às 15:45 disse...

A respeito do filme Wayne’s world não posso dizer nada, não assisti (ainda), amanhã resolvo este problema. Não gosto muito do Mike Myers, acho-o exagerado, que nem Jack Black. Nada também que eu não possa mudar de idéia, porque tu convences bem! Agora, com relação à música Bohemian Rhapsody, conheço bem, adoro Queen. Parabéns pelo texto!!

Игорь on 20 de outubro de 2011 às 19:16 disse...

ahahahahha

Lembro muito bem desta comédia !!!

chorei de tanto rir , com esta cena - fioz a pobre da minha prima vê-la umas 4 ou 5 vezes !

excelent !!

abração !

Ruby on 22 de outubro de 2011 às 23:41 disse...

Que trecho sinistro o dessa canção-título!
Mais do rock e suas histórias com o coisa ruim! Gosto não!
Não vi esse filme, mas a música do Queeen eu conheço. Abraços, Dilberto!

adriana disse...

muito legal o trecho do filme! amigo, os teus posts sempre com ótima qualidade...

Já viste a versão super engraçada de Bohemian Rapsody com The Muppets??? Imperdível! Olha aí: http://www.youtube.com/watch?v=tgbNymZ7vqY&feature=share

Canto da Boca on 23 de outubro de 2011 às 18:15 disse...

Dilberto, já entrei aqui um milhão de vezes, entro muda e saio calada, e acho ainda que contribuirei pouco, porque sobre o filme, Quanto Mais Idiota Melhor, vi apenas trechos em companhia das minhas filhas, e dei pouca importância a ele, mas diante da sua descrição, com os relevos que fazes, a película adquire outra dimensão, e tu acabas por me fazer desejar assisti-la, mas já com um olhar apurado, direcionado e isso é muito legal, porque a gente já se despe de certos preconceitos. Sem contar que o clássico do Queen, já dá um "up".

Eu fico muito vaidosa com o seu comentário acerca do meu poeminha despretensioso, mas ando lendo muito António Lobo Antunes, Miguel Torga , Sartre e Camus, além de um mergulho abissal no surrealismo. Pronto, disse.

Um abraço grande, é sempre um prazer te ler.

;)

Jandira Rosa disse...

E tu que me apresentaste ao "Mundo de Wayne"... Não tava acostumada com esse teu lado pop... À época, me surpreendeste deveras... Excelente texto, ainda mais em meio ao caos do dia em que ele foi escrito e inspirado!! Beijo grande.

 

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