segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Caçadores de Brinquedos

Skeletor
Clique na imagem e conheça mais deste adorável programa sobre brinquedos antigos e seus colecionadores (original em Inglês, sem legendas)... Assim como o espevitado apresentador Jordan Hembrough, também tenho as versões originais de Lion e do Esqueleto (porém, infelizmente, sem o mesmo "vigor")...


Com um pouco de paciência, muita coisa interessante pode ser encontrada na televisão de um sábado à noite. Não, infelizmente não falo da televisão aberta, nicho infelizmente sem salvação para milhões de pessoas, mas, sim, dos canais pagos por assinatura e presentes na maioria dos pacotes vendidos atualmente. E, ainda que minha esposa diga que, por muitas vezes (especialmente nos fins de semana, onde a maioria das boas séries é somente reprisada), podem-se rolar os canais do início ao fim da grade e nada se achar de bom, eu retruco sempre: zapear é uma arte e, com o controle remoto nas mãos, eu sou um Monet...

Sim, mesmo num sábado à noite, pode-se encontrar um filme bacana na normalmente fraca e comercial HBO (noutro dia mesmo pude ver o adorável casal vivido por impecáveis Matt Damon e Michael Douglas perfeitamente gays em Minha Vida com Liberace, muito bom telefilme sobre a vida de Liberace e seu romance secreto com seu assistente), algum clássico do Cinema nacional em canais improváveis, como TV Senado ou TV Justiça ou ainda divertidos 'reality shows' (não, nada de ridículos absurdismos sobre confinados televisionados, alguém querendo casar-se ou sobre vidas pessoais de ex-astros: isto é lixo puro e sequer deveria ser televisionado!) que se valem de bom humor para falar de interessantes quiproquós da vida real – como aquelas neurastênicas briguinhas de casal por besteira: então que tal saber quem está com a razão e rir sobre as manias dos outros em amalucados casais com a presença de grandes comediantes? Esta é a proposta de Marriage Ref, criação do genial Seinfeld após o término do seu maravilhoso seriado, uma legítima tábua de salvação entre as muitas bobagens comumente exibidas no canal Glitz...

Mas nenhum deles me parece mais atraente do que um que descobri neste findo fim de semana no Discovery Civilization: The Toy Hunter, literalmente traduzido como "Caçador de Brinquedos" é um genial achado não só para ardorosos fãs de brinquedos antigos e outros colecionáveis como eu, como também é um divertido e ligeiro passatempo (menos de 30 minutos a atração toda) para "não iniciados", uma vez que mostra quão felizardos podem ser certas pessoas que, desconhecendo valores de mercado para determinadas "coisas velhas" guardadas por tanto tempo no sótão, acabam descobrindo que podem lucrar de dezenas a milhares de dólares com um agitado colecionador/comerciante destas antiguidades (e também apresentador do 'show', Jordan Hembrough), que conduz as visitas ao longo do 'show' televisivo – e, com ele, vemos desfilarem na tela inúmeras boas lembranças de nossas infâncias em brinquedos ou acabamos por conhecer outras tantas diversões comercializadas em épocas idas de nossos antigos programas ou filmes favoritos!

Nesta minha primeira incursão no programa, diverti-me bastante com duas senhoras no Texas: uma, com aquela "síndrome da casa vazia" depois de os filhos ganharem o mundo com novas famílias, faturou bons tostões com vários brinquedos em ótimo estado; e a outra, que juntava inúmeros presentes que acabaram não sendo dados em festas de aniversário perdidas, desconhecia o dinheirão contido em algumas caixas lacradas (as mais valiosas!) de bonecos dos antigos desenhos animados dos anos 80 das Tartarugas Ninjas: mil dólares foram oferecidos pelo apresentador/comprador, que, de forma honesta, expôs bem detalhadamente o quanto valiam no mercado e por quanto venderia (incríveis US$ 2.500,00!) – ou seja, ninguém é enganado com algumas doletas se o produto vale bem num leilão de fanáticos por estas memorabílias ("coisas que servem para ser lembradas")!

Ora, nem preciso dizer que um programa como este é delicioso para alguém como eu, que, desde o início da juventude e dos primeiros empregos como professor de Redação e de Inglês de cursinho, compra e coleciona, além das tradicionais compulsões por livros, CDs e DVDs/BDs, miniaturas de carros, motos e outros veículos, bem como 'action figures' (jeito meio metido a besta de chamar os bonequinhos) de grandes heróis e personagens cinematográficos – como a série Star Wars - Guerra nas Estrelas, onde reúno desde os clássicos bonecos da Hasbro até miniaturas em chumbo de personagens e naves da famosa hexalogia do Cinema, todos devidamente "expostos" nas hoje já amontoadas e empoeiradas prateleiras de meu pequeno escritório no apartamento onde moro (e onde Jandira vive a repetir que "não cabe mais nada"!).

Mas nem sempre tais relações me renderam boas lembranças – e não falo das frustrações de ter deixado de comprar alguma "pérola" em miniatura: refiro-me, na verdade, a alguns brinquedos antigos que meio que "iniciaram" toda a minha atual coleção e que não foram comprados por mim, mas, sim, por minha mãe (meu pai, tirante uma ou outra revistinha em quadrinhos da Disney que implorava para ter numa ida ao supermercado, nunca me comprava nada) nos hoje distantes anos da minha infância nos anos 80. Sim, eu tenho "clássicos" como alguns bonecos da linha dos Thundercats, da Grasslite, o He-Man e o Esqueleto da Estrela/Mattel; dois 'consoles' do Atari 2600 (com vários "cartuchos" de jogos); os jogos Triângulo das Bermudas e Mini-Senha da Grow; Pega-Pega e Ferrorama (droga: na verdade, este é meu irmão quem tem!) da Troll e por aí vai, alguns mesmos mantidos em caixas guardadas com carinho até hoje.

E no que tamanhas raridades me "magoariam", pode perguntar o atento blogueiro de plantão – elementar, "Gafanhoto" (nada mais antigo!): tais peças são muito mais cobiçadas do que possam julgar nossas limitadas filosofias e, ainda que eu jamais tenha posto alguma delas à venda, algumas pessoas, aproveitando as facilidades das exposições virtuais de uma ou outra foto exibida nas redes sociais (como os visuais e já em desuso Flogão Flickr, onde vez por outra, quando ainda solteiro, eu postava fotos das minhas relíquias), aproximaram-se e expuseram sentimentais histórias de vida ligadas àqueles brinquedos, visando um possível negócio comigo. E eu, compulsivamente cordato em qualquer época do ano, sempre respondi amigavelmente a todas os contatos, muito mais no afã de trocar uma ideia sobre este interessante mundo dos que guardam coisas antigas com valor afetivo do que com reais intenções de comercialização. Afinal, dificilmente eu receberia propostas tentadoras similares àquele divertido programa televisivo gringo e, mais dificilmente ainda, eu me desfaria facilmente de tão queridos relicários de minha infância...

Por isso, acabei por me indispor com duas pessoas que, se inicialmente mostraram-se nostalgicamente ricas com belas histórias ligadas aos objetos de desejo – mais precisamente com dois brinquedos em particular: BolaMania dos Trapalhões, uma brasileira e circular versão do quadrado Cubo Mágico, o famoso Rubick estadunidense; e o tabuleiro Ludo Disney/ Sobe e Desce Disney, com uma versão de jogo com dados e pinos para cada lado (ambos da Estrela) –, terminaram por evidenciar um terrível "Lado Negro" quando perceberam que as amigáveis conversas não resultariam em vendas e, diante de minhas indagações a respeito de quais seriam suas ofertas, mais por curiosidade do que intenções de comércio, acabei sendo mal interpretado e agressivamente tachado de que "supervalorizava demais" minhas adoradas relíquias! O pior é que sou, definitivamente, um colecionador, para o bem e para o mal: guardo estas conversas com os nefastos quase-compradores até hoje, sempre me assustando com os últimos contatos... O ser humano é mesmo um bicho estranho!

Mas nem tudo são grosserias neste duro mundo 'business' de coisas antigas: acabei mantendo uma espécie de amizade virtual até hoje com um boa-praça (outra antiguidade!) "jovem senhor" recifense de 41 anos, Demócrito da Silva, que, de todos, foi o que mais mostrou não só cordialidade no trato com um desconhecido colecionador como se mostrou o mais humanamente "merecedor" de um possível negócio com um dos meus brinquedos da década de 80: a estranha BolaMania dos Trapalhões, que se valia do sucesso do quarteto de comediantes globais apenas no nome (o brinquedo não guardava referência alguma a nenhum deles) para vender o difícil apetrecho cheio de bolinhas coloridas em série que, embaralhadas, deveriam ser recolocadas, por meio de três movimentos em torno de um eixo central, em cada um dos seus anéis na seguinte ordem: amarelo, verde, vermelho e azul. Curiosamente, jamais resolvi tal quebra-cabeça modernoso e acho que nem é necessário dizer que aquele "eu de mais ou menos 10 anos de idade", com o tempo, distanciou-se daquele objeto para só esporadicamente tentar arriscar umas rodadas a fim de encontrar uma solução...

"Então por que não vender esse brinquedo de uma vez, até mesmo dar pra quem queira?!", perguntaria um ainda mais atento blogueiro de plantão (ou minha mulher Jandira Helena, toda santa vez que tomava conhecimento de algum interessado na "quinquilharia encalhada": palavras dela!) – não saberia responder... Mero apego sentimental, talvez... De qualquer forma, o barato mesmo em torno de raros itens sentimentalmente guardados por tantos anos são as histórias envolvendo tais colecionáveis: tanto é que, em meio àquelas promessas de "um dia, quem sabe", em muitas de nossas conversas eu costumava brincar com o amigo Demócrito que, se ele um dia me mostrasse como solucionar aquele doido 'puzzle' de bolinhas e eu realizasse tal feito ao menos uma vez, o brinquedo poderia ser dele... No que ele, espertamente, concluía que, se um dia eu descobrisse o segredo, eu então jamais o venderia!

Hoje o danado tanto fez que conseguiu uma BolaMania para chamar de sua: em recente postagem no Facebook, o persistente pernambucano publicou fotos pessoais do seu idolatrado objeto de desejo finalmente adquirido, ainda que nada revele quanto aos detalhes da aquisição... Uma pena, vez que já me havia acostumado a brincar sobre os escorchantes valores que cobraria! Mas a boa amizade que surgiu continua (como disse certa vez: o melhor deste universo é "colecionar novos amigos com suas histórias incríveis"), bem como a "posse definitiva" deste intrigante brinquedo segue em meu poder. Bem, mais ou menos: desde os fins das últimas tratativas de venda do mágico artefato, este se encontra devidamente trancafiado e protegido por destemidos e importantes nomes da prodigiosa em mitos década de 80, num concorrido canto do escritório da minha residência (foto abaixo). Assim, melhor deixar esse pessoal tomar conta: afinal, eles pertencem a uma espécie de dimensão paralela... E eu, juntamente a uma fina geração de bons lembradores, seguimos atrás como "caçadores de brinquedos antigos"!

 Entre Esqueleto e He-Man (com uma pequena ajuda dos amigos Thundercats e de um desconhecido Transformer), melhor deixar a Bola onde ela está: eu que não meto à besta com esse pessoal poderoso de grandes recordações...

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2 comentários:

Suzane Weck on 11 de dezembro de 2013 às 23:53 disse...

Ola caro amigo,em primeiro lugar meus cumprimentos pelo excelente texto que intitulas "Caçadores de Brinquedos.Adorei ler todas informações dadas pois em matéria de 'zarpear' fico muito longe de ser comparada a "MONET".Aliás ,perco a paciência e talvez possa ser comparada a "DALI". Achei bem interessante a idéia de fazermos um trabalho em conjunto.Não sei de qual musica te referes de Harry James,mas podes me mandar por email pois como sabes ,será feito o arranjo por meu marido procurando o tom da minha voz e "agradando a gregos e troianos"farei o meu melhor.Aliás,fizemos um novo CD que terei o maior prazer em te enviar com votos de Feliz Natal.È só mandar o endereço.Meu emsil caso não o tenhas mais;sheweck.hotmail.com.Meu grande abraço.SU

Demócrito disse...

Ual!!!

Seria (na verdade, é!) essa a interjeição após ler minucioso texto neste blog, caríssimo Dilberto. Vc realmente faz por merecer uma coleção de coisas e brebotos que só a valorização interna e externa são condicionantes ao seu apego/amor e seja lá o que for que defina a mente de um colecionador.
Eu, por minha vez, não tenho muito talento para isso. Na verdade, antes não tive mesmo foi grana. E hoje, não tenho mesmo é paciência. Mas confesso que admiro os colecionadores, afinal, eles fazem com que a nossa História continue viva. Se não fosse eles, estaríamos à mercê do disse-me-disse aleatório e ao bel-prazer de quem conta um conto, que sabemos, sempre aumenta um ponto. Na minha vida, duas coisas desse mundo ainda me são caras à integridade mental, porque não dizer, ao meu amor incondicional: a bolamania (dos trapalhões), bem definida por vc no texto, e aqui faço questão de separá-la dos seus publicitários ‘nada-a-ver’ com a história do Brasil, ou seja, a bolamania é um quebra-cabeça individualizado que a nada se remete àquelas criaturas, lideradas pelo Didi Mocó. Nada teria a dizer dos trapalhões, por terem sido meus ídolos de infância. Só que, cresci, li, estudei, me tornei um pensador, crítico, não-maleável, e por fim, ..., e por fim, vivemos em outro mundo, em outra dimensão, então melhor deixar os trapalhões no seu devido passado. E que nunca mais voltemos a ter humoristas tão sem noção e alienantes. Bom, finda essa minha opinião, hoje, no afã dos meus quarenta e um anos, prefiro os heróis que morrem de overdose. Por que não?; Bom, a outra coisa chama-se Michael Jackson. Eu ouvi Ben ainda pequeno, e aquilo não foi comum. Minha mãe diz que não era comum uma criança ouvir atentamente uma música. A música me acalentava. Depois, vieram os Jackson Five, os The Jacksons, enfim, todo o DNA Jackson me consumia. Não sei se o lugar nem a hora é propícia, mas devo confessar: Michael Jackson é minha religião. Já era antes de 2009, quando ele se foi por uma overdose. Aliás, acho que ele começou a ser coerente na minha mente desde 1982, ano em que comprei a bolamania. Esta sim, foi quase um calcanhar de Aquiles. Mas, enfim, hoje tenho a minha bolamania de volta. Ah, sim, vc sempre curioso para saber como a encontrei. Eu diria que não foi bem um encontro, foi uma conquista. Uma conquista mental, inspirada nas divagações do Paulo Coelho, foi uma conspiração do universo. Mas, o encontro e a conquista estão censurados momentaneamente. Num existe aqueles segredos de contrato e coisa e tal? Tipo a Ana Paula Arósio fez um contrato com a Embratel e uma das cláusulas era não posar nua. Pois então, eu tenho uma cláusula dessa no meu contrato. Tudo bem, é um contrato de cavalheiros, verbal, mas como se diz aqui no nordeste: minha palavra é um tiro. Só sai uma vez. Não tem volta. Mas o bom é que não é necessariamente uma promessa. Contratos tem finalizações. Esperemos.
Enquanto isso, agora é minha vez de lhe dá um veredicto: quanto vc quer me pagar para eu lhe dizer o segredo da bolamania? Kkkkkkkk... Já ouviu falar da Lei do Retorno? Eis-la!!!
Au revoir, dileto amigo.

 

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