Não que seu
Cinema tenha ficado “ruim” – não, de forma alguma: como diretor, seu domínio na arte
narrativa e na condução perfeita dos atores em meio a situações tantas vezes
inverossímeis continua preciso! E, à exceção do fraco O Homem de Hollywood ou do sofrível À Prova
de Morte (equivocadas parcerias em Grande Hotel
e Grindhouse, respectivamente, ambas com o diretor Robert Rodriguez), mesmo quando ele derrapa, o
filme ainda costuma ter suas qualidades! Mas o problema com Bastardos e Django parece
ser o mesmo: não há um grande filme, tudo reduzindo-se a ser “Tarantino” demais! Ok, o cara criou um subgênero de si mesmo
como poucos conseguiram na História do Cinema (como Hitchcock)... Mas enquanto
isso era um divertido apêndice na sua obra-prima Pulp Fiction - Tempo de Violência e nos excelentes pequenos clássicos como Cães de Aluguel e Jackie Brown, atingindo seu ápice em Kill Bill, parece ter virado o único mote de suas produções atuais, entrando em franca decadência em seus trabalhos
posteriores...
Assim, se
pudéssemos visualizar o conjunto da sua obra num “gráfico”, daqueles bem engraçadinhos que saltavam à
tela para enfatizar algo num de seus bons filmes anteriores, veríamos uma reta
descendente: a bobagem à moda trash
anos 70, cheia de pés femininos e mortes absurdas de À Prova de Morte foi mero exercício de ego num filme ruim, em "homenagem" às sessões duplas de filmes 'Z' dos antigos drive-ins; e Bastardos Inglórios, apesar de bem
melhor, com Christopher Waltz como o inesquecível nazista Coronel Lando (vencedor do
Oscar) e com uma interessante repaginação da História com um inusitado assassinato
de Hitler, também acabou sendo somente uma estória engraçadinha com muitas pausas para
cansativos “momentos Tarantino” – como o “incidente da taberna”, desnecessário para
a condução da trama, mas absolutamente necessário para atestar as já costumeiras
identificações do público cativo para com o seu “estilo”...
Já seu recente western até parte de premissa interessante: Jamie Foxx (Django Freeman, daí o título em Português) ajuda Christopher Waltz (ele de novo, e com novo Oscar pelo seu Dr. King Shulz) no trabalho sujo de caçador de recompensas e este, ao final, entrega-se de corpo e alma à busca do amigo negro pela amada esposa, tudo ambientado no racista sul norte-americano pré-abolição... Infelizmente, entretanto, Django Livre segue no mesmo nível de seu antecessor: apesar do clima bem mais comedido e do ótimo uso de grandes
composições do “compositor-faroeste” por excelência, Enio Morricone (com direito a “música-tema”,
à western anos
60, de autoria de Luis Bacalov, de O Carteiro e O Poeta), nem mesmo a ilustre presença de Giuleno Gemma (que viveu Django em vários faroestes-espaguete dos anos 60, mas sem relação alguma com o filme atual) e de um divertido e fetichista Don Johnson (o "cara das negrinhas") consegue arrebatar o espectador como em tempos idos...
A incômoda sensação de inverossimilhança no desenvolvimento dos personagens e de situações gratuitas e mal ajambradas que vai surgindo em Django Unchained (como a matança final em Candyland), especialmente a partir do meio-final, acaba prejudicando todo o resto. Isso sem falar na falta de empatia com o protagonista, no imenso desperdício de um excelente Leonardo DiCaprio, na logorreica sana do diretor/roteirista por longos e espertos diálogos (ao ponto de um ex-escravo recém-liberto, no pequeno período de convívio com um sofisticado caçador de recompensas, passe a ser um articulado estrategista) e nas incômodas inserções de modernosos rap e hip-hop em cenas marcantes: tudo rapidamente nos lembra de que se trata de um “filme de Tarantino”! Mas até que ponto isso é bom? Ultimamente, desde o clássico pop Kill Bill, eu diria que num ponto bem distante...
A incômoda sensação de inverossimilhança no desenvolvimento dos personagens e de situações gratuitas e mal ajambradas que vai surgindo em Django Unchained (como a matança final em Candyland), especialmente a partir do meio-final, acaba prejudicando todo o resto. Isso sem falar na falta de empatia com o protagonista, no imenso desperdício de um excelente Leonardo DiCaprio, na logorreica sana do diretor/roteirista por longos e espertos diálogos (ao ponto de um ex-escravo recém-liberto, no pequeno período de convívio com um sofisticado caçador de recompensas, passe a ser um articulado estrategista) e nas incômodas inserções de modernosos rap e hip-hop em cenas marcantes: tudo rapidamente nos lembra de que se trata de um “filme de Tarantino”! Mas até que ponto isso é bom? Ultimamente, desde o clássico pop Kill Bill, eu diria que num ponto bem distante...
Escuta aqui, Tarantino: é melhor você voltar a fazer filmes memoráveis! Senão...
2 comentários:
Gosto muito dos filmes de Tarantino. Já estou esperando pelo próximo.
Abraços.
Ei Dil, fica bravo com Tarantino não... Ele volta a acertar...
No mais, um beijo pros seus e procê uma gargalhada demorada (1 segundo) do Sheldon.
a h!
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