sábado, 13 de setembro de 2014

Azulejos Replicados


Acho que já falei demais de São Luís por aqui, já homenageei muito esta Ilha em seus aniversários, tanto virtual como pessoalmente, namorando-a até mais do que deveria acompanhado de minha namorada ou sozinho... Não digo que dela cansei, porque estaria mentindo: a mão chegou a coçar em direção ao teclado no feriado da última segunda, dia 8, 402 anos da Cidade, mas resisti em meio ao ocaso do dia, com tantas responsabilidades... Sim, tenho mais o que fazer!

Até pensei em levar os meninos todos numa jornada de conhecimento: "eis, meus filhos: do alto destes casarões em ruínas, quatro séculos vos contemplam"... Afinal, foi num 8 de setembro que a primogênita realizou seu primeiro passeio oficial com a família, com pouco mais de 3 meses de vida - até vovô e vovó foram com ela matar saudades dos velhos tempos na Dom Pedro II! Mas não, desisti antes mesmo de planejar: agora seriam três meninos, com dois de apenas 4 meses e uma mocinha já em seus quatro anos de vontade de abarcar o mundo com as pernas ligeiras: muita mão de obra! Então uma volta rápida com a mais velha, bastando um vento da Litorânea no rosto e uma passadinha pelo Centro Histórico, com a desculpa de ir comprar figurinhas numa banca por lá, enquanto ia mostrando o casario colonial pra ela... Não: preferimos ver (e rever) em casa a linda Ponyo, na TV, pela(s) primeira(s) vez(es). Fica pra próxima!

Mas não tem jeito: os dias vão passando e eu, que tanto fugi do romantismo à flor da pele da Ilha e do costumeiro ritualismo poético da data cabalística, acabo cedendo a esta paixão irresistível! Sim, São Luís está acabada, nossos representantes defecam por ela e seus bêbados urinam pelas escadarias históricas sem banheiro público; os casarões caem sem testemunhas e seu povo cresce cheio de carros sem ruas... Mas, Deus, como aqui tem Poesia e amor! Melhor: como diria aquela canção que por tantas vezes já tentei esquecer, "o amor nasceu aqui"...

E assim, em meio a esquecimentos, eu me lembro de um souvenir perdido no tempo do meu escritório em eternas ruínas: arrumo-o, então, aproveitando o feriado municipal, com esmero - afinal, preciso desse cantinho da casa para viver, uma vez que nele reside parte do meu trabalho (do profissional e do ofício amador da escrita) e a quase totalidade das minhas coleções. E assim surge, dentre as profundezas, um azulejo decorativo com uma base de madeira de suporte, ainda enrolado em plástico-bolha, dentro de um saco com fita, com o qual presentearia um amigo em Pernambuco. Entretanto, como a viagem furou e a cobiça pessoal por tão belo relicário falou mais alto, a réplica de um jogo original de 4 azulejos coloniais portugueses (imagem no topo), que revestiam a escola onde ele e eu estudamos juntos na infância, foi para a mesinha do meu computador...

E neste sábado cheio eu me esvazio com uma caipirinha caseira - sem tiquira, entretanto - enquanto fervem as mamadeiras de mais uma jornada poética madrugada adentro (hoje, bem mais calma...): a minha mocinha com a minha mulher numa festinha infantil e a tela a me cobrar satisfação de uma semana que se encerra sem que eu fale da Capital centro do meu mundo... Permaneço olhando para a imitação do azulejo que me guarda na História e a ladeira da Rua da Inveja até  Cafua e o Convento das Mercês, passando pela Fonte das Pedras, com a melancólica Beira-Mar logo ali, pertinho da Praia Grande secular e hoje cheia de relicários e diversidades, surgem com suas mágicas encantarias... Viajo (que diacho): decididamente, não dá pra passar um ano sem me lembrar! Agora não tem mais jeito, pra nunca mais me deixar esquecer: São Luís fica aqui, logo em frente, com sua Poesia maior enamorada do Maranhão em resumo e sua riqueza de detalhes replicados bem ao alcance da visão...


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2 comentários:

Ilaine on 29 de setembro de 2014 às 02:04 disse...

Dilberto!

Maravilhoso ler você. Que texto lindo! Gosto de ouvir quando contas de teus filhos. A mocinha - já com quatro anos. O tempo urge...

Falar de São Luís nunca será demais, acredite. É humano, é grandioso expressar nosso entusiasmo pelo lugar em que nascemos e por outros que aprendemos a amar. Escreva sempre, Dilberto. E eu- qualquer dia - vou aí conhcer sua/nossa São Luís.

Que triste o abandono, a falta de cuidados com nossas cidades.

Abraço forte, meu amigo!
Te tenho tamanha admiração!
Ila

HR ARQ on 9 de outubro de 2014 às 12:22 disse...

Dilberto, meu amigo! Como sempre encantando com suas palavras! Minha homenagem a nossa Ilha do Amor foi através dos pincéis! Um grande abraço a essa família linda!

 

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