sábado, 5 de dezembro de 2015

Woody Allen 80 Anos:
A Lista dos Melhores

Costumo dizer que meu diretor favorito é Stanley Kubrick. Mas falo no sentido mais "técnico", de ser ele o mais completo, o melhor no sentido da cinegrafia mais constante e consistente. Sem esquecer, é claro, o seu "estilo" todo próprio facilmente identificável as múltiplas camadas de profundidade e emoção normalmente presentes em seus trabalhos, que me arrebatam com facilidade ao ver ou rever um filme seu. Amo Scorcese, Fellini, Hawks, Ford, Pereira dos Santos, Spielberg, Moniccelli, Bergman, mas posso dizer que vejo "falhas" em muitos trabalhos destes, afora o fato de nem todos os seus filmes mexerem comigo, como os de Kubrick. Mas há outro diretor/roteirista que igualmente costuma me arrebatar - ainda que sem a constante consistência de qualidade do recluso cineasta de 2001, mas com quase idêntico "perfil autoral" facilmente reconhecível em seus filmes. O que me faz chamá-lo, também, de meu favorito...

Falo do escritor (dramaturgo, roteirista, cronista), ator e cineasta Woody Allen, meu "diretor preferido" no sentido afetuoso, portanto, da expressão - que, nesta semana, chegou à casa dos 80 ainda em atividade, igualando outros grandes nomes por trás das câmeras de ontem e de hoje, como o genial Kurosawa e o carismático Eastwood. E nesses quase 60 anos de carreira no controle artístico dos seus filmes (sua primeira direção "oficial", O que há, tigresa?, só dublagens absurdas por cima de um filme japonês, é de 1965, mas seu primeiro "filme real", Um assaltante bem trapalhão, é de 69), é incrível perceber que o seu Cinema continua incrivelmente bom em sua ampla maioria e não envelhece ou perde o vigor jamais! Muito pelo contrário: é possível ver um frescor quase adolescente em comédias recentes trabalhando com atores bem mais jovens (como nos divertidos Igual a tudo na vida, com Jason Biggs, e no melhor segmento de Para Roma com Amor, com Jesse Eisenberg), apresentando criatividade em meio à mesmice dos anos 90 (com o delicioso musical cômico de Todos dizem eu te amo) e sendo capaz de uma verdadeira renovação de clássicos para os anos 2000 (como Match Point por cima de seu próprio Crimes e Pecados, ambos inspirados na obra-prima da Literatura russa, Crimes e Castigos, ou Blue Jasmine, seu Um Bonde Chamado Desejo com uma moderna Blanche Dubois revivida pela oscarizada Cate Blanchet)!

É por essas e por outras que posso dizer, de boca cheia, que sou um assumido fã de Woody Allen! Daqueles ditos "de carteirinha", embora não pertença a nenhuma associação ou fã-clube de verdade. Mas posso me considerar como um dos maiores "especialistas" de sua obra, de tanto admirar seu estilo permeado de Música Clássica e Jazz, de amar seus roteiros precisos e seus pateticamente brilhantes personagens neuróticos (mesmo quando a história nem é tão nova ou sensacional, ainda assim o roteiro sobressai com sua pegada precisa e seus tipos geralmente inesquecíveis), sua facilidade em transitar entre a Comédia e o Drama da Tragédia e reconhecer seu humor genial mesmo no mais sutil diálogo existencialista ou amoral colocado nas bocas dos maiores astros do momento - que, dizem, vão aos tapas para fazer nem que seja uma participação em qualquer de seus filmes, com fartas chances de indicações ao Oscar de melhor atuação! Um diretor tão incrível e presente em cada fotograma que é capaz de parecer estar em todos os seus filmes, uma vez que, mesmo naqueles em que não atua, normalmente consegue arrancar, de seus protagonistas, atuações no melhor estilo "puro Woody Allen"!

E, mesmo com derrapadas imperdoáveis (como o desastroso e inclassificável Você vai conhecer o homem dos seus sonhos, o paupérrimo drama Sonho de Cassandra e a sonolenta e inexistente comédia de O Escorpião de Jade), consegue manter-se divertido até em muitos dos seus filmes mais fracos (como em Trapaceiros, Dirigindo no Escuro, Celebridades e Scoop - O grande furo), revelar-se um grande ator em produções de outros diretores/roteiristas (como em Feitos um para o outro, Sonhos de um sedutor Cenas em um shopping FormiguinhaZ) e manter uma vasta e riquíssima trajetória cinematográfica ao visitar e revisitar praticamente os mesmos temas - deboche às hipocrisias das convenções sociais; medos, neuroses e anseios da classe artística/intelectual; frustrações e expectativas sexuais e amorosas -, mas sem nunca mostrar-se repetitivo!

E, com "menção honrosa" a pequenas pérolas que merecem mais atenção do grande público - como as ricas gemas de Tudo pode dar certo, com o hilário ex-Seinfeld Larry David; Poderosa Afrodite, com uma das prostituas mais divertidas de todos os tempos(Mira Sorvino na interpretação da sua vida); Poucas e Boas, com o louco casal vivido por inspiradíssimos Sean Penn e Samantha Morton; da tresloucada comédia típica de seu humor mais non-sense dos anos 70 em Tudo o que você sempre quis saber sobre sexo (mas tinha medo de perguntar); e do seu hilário curta inserido no filme Contos de Nova IorqueÉdipo Arrasado -, os Morcegos celebram o mais novo octogenário do Cinema ao homenageá-lo com a seguinte lista dos seus 15 melhores filmes (em 10 posições):


10.º - A Rosa Púrpura do Cairo 
Clássico imediato, a história do personagem que abandona a tela do seu filme e se apaixona pela sua ardorosa fã cativa mesmo quem não é grande admirador do estilo do diretor novaiorquino, tanto pela criatividade quanto pela nostalgia.
9.º - Meia-Noite em Paris / Tiros na Broadway
Roteiros aparentemente simples, porém milimetricamente geniais, dominam esses dois ótimos filmes (sempre há um empate técnico nas listas dos Morcegos para que mais filmes sejam homenageados e lembrados... - Oh, don't speak!).
8.º - Interiores / Memórias
Apesar de dividirem opiniões e serem "filmes-homenagens" bastante distanciados do estilo pessoal do cineasta, este Drama e esta Comédia são excelentes e sensíveis facetas de um outro Allen, que nunca escondeu seu fascínio por Bergman e Fellini.
7.º - Neblina e Sombras
E, falando em Fellini, o final desta inteligente comédia em tons de pastiche noir não poderia ter mais a ver com a visão de circo do famoso diretor italiano.
6.º - Vicky, Christina, Barcelona
Moderna e profundamente inteligente comédia-romântica de costumes, com Scarlett Johanson e Penélope Cruz nos auges de suas sensualidades (e comicidades!).
5.º - Match Point - Ponto Final / Crimes e Pecados
Falando na sensualidade da Scarlett... Os dois filmes empatam na quinta posição e se completam na homenagem de Woody ao Drama e ao Suspense de uma de suas tragédias literárias favoritas: Crime e Castigo, de Dostoiévski.
4.º - Zellig / Um assaltante bem trapalhão:
Duas de suas mais hilariantes e inteligentes comédias do começo da carreira, ambas em tom documental! Sempre um sujeito tentando se adaptar...
3.º - Hanna e Suas Irmãs
Perfeita simbiose entre humor ácido (na figura do personagem vivido por Allen, Mickey, que, após descobrir que teria vivenciado uma "cura milagrosa", passa a titubear entre as várias religiões existentes) e o drama pesado (rivalidades e adultério entre irmãs), associada a um elenco impecável (Diane Wiest e Michael Caine levaram seus Oscars pra casa, além de Allen, como roteirista), fazem deste um filme imperdível!
2.º - A Era do Rádio / Manhattan
Nessas duas comédias mais poéticas e nostálgicas de Woody Allen (e dois dos melhores filmes de todos os tempos), Nova Iorque é cidade-personagem - tanto em sua versão da recessão dos anos 30 como no romantismo em preto-e-branco nos céticos anos 70. Situações e personagens geniais!
Annie Hall
1.º - Annie Hall - Noivo Neurótico, Noiva Nervosa
Indubitavelmente o seu melhor filme (além de um dos melhores da História), consegue ser, ao mesmo tempo, uma enternecedora história de amor e uma comédia deslavadamente inteligente de quadros, definindo as principais características do seu estilo para todos os seus trabalhos posteriores! Um pitoresco, engraçado e criativo panorama sobre as relações pessoais, desde a infância até a "maturidade" de um inesquecível Alvy Singer, que encontra seu grande amor (a Annie Hall do título, personificada magistralmente por uma então linda e também oscarizada Diane Keaton, então namorada do cineasta: papel sob medida), perde esse grande amor e reflete sobre a vida a partir da maravilhosa experiência de ter amado e perdido - e, no meio de todas essas digressões existencialistas, debocha do mundo e das pessoas medíocres à sua volta... Uma obra-prima absoluta que surpreendeu até mesmo a sisuda Academia de Hollywood, que lhe concedeu, em 78, 4 Oscars (Filme, Direção, Atriz principal e Roteiro original) mais do que merecidos - embora, como todos já sabem, "ignorados" por Allen, que não compareceu à cerimônia porque tocava jazz toda segunda à noite...
 

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